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O império da TMN Engenharia: como Thiago Moreno virou o empresário ‘queridinho”do prefeito Plínio Cruz em Tabatinga

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O império da TMN Engenharia: como Thiago Moreno virou o empresário ‘queridinho”do prefeito Plínio Cruz em Tabatinga

Amazonas – Um verdadeiro escândalo ronda a administração do prefeito Plínio Cruz, em Tabatinga, no interior do Amazonas.

Em menos de um ano, a prefeitura firmou contratos que somam mais de R$ 21 milhões com a empresa TMN Engenharia EIRELI, pertencente ao empresário Thiago Moreno Nunes, investigado pela Polícia Federal (PF) por um susposto envolvimento em fraudes em licitações e lavagem de dinheiro.

As informações constam em duas reportagens exclusivas do portal CM7 Brasil: uma sobre contratos que ultrapassam R$ 12 milhões para obras diversas e outra sobre um acordo de R$ 9 milhões em pavimentação cujos locais das obras sequer foram divulgados.

Contratos milionários e sem transparência

De acordo com os documentos publicados no Diário Oficial dos Municípios, a TMN Engenharia assinou, só no primeiro semestre de 2025, três contratos com a Prefeitura de Tabatinga que somam R$ 11.837.939,55.

Entre eles estão:

  • Contrato nº 001/2024 – Construção de ginásio coberto. Valor total: R$ 5.490.082,35.

  • Contrato nº 039/2024 – Reforma da Escola Indígena Ewaré Mowatcha e quadra coberta no distrito de Belém do Solimões. Valor total: R$ 1.347.265,05.

  • Contrato nº 010/2024 – Construção da segunda etapa do Complexo Administrativo de Tabatinga. Valor total: R$ 5.000.592,15.

Além desses, uma nova contratação publicada em setembro de 2025 ampliou a relação entre a empresa e o município: dois contratos de pavimentação asfáltica que somam R$ 11.805.861,20, sendo R$ 9.524.885,50 destinados à TMN Engenharia e R$ 2.280.975,70 à E.M. Melo LTDA.

O detalhe que chama atenção é que nenhum dos contratos de pavimentação informa os endereços das ruas a serem asfaltadas, nem o cronograma das obras — o que reforça suspeitas de falta de transparência e possível direcionamento.

Quem é o empresário

O dono da TMN Engenharia, Thiago Moreno Nunes, é um nome já conhecido dos investigadores federais.

Ele foi alvo da Operação Magüta, deflagrada pela Polícia Federal em 2021, que apurou um esquema de desvio de recursos da educação em Tabatinga.

Segundo a PF, Thiago Nunes e outros envolvidos são suspeitos de crimes como fraude em licitação, peculato, corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Mesmo com esse histórico, a empresa continuou habilitada para participar de licitações no município e acabou sendo uma das principais beneficiadas pela atual gestão.

Fontes locais também apontam uma proximidade política entre o empresário e o prefeito Plínio Cruz, incluindo apoio durante o período eleitoral — o que levanta dúvidas sobre a imparcialidade nos processos licitatórios.

Acréscimos e indícios de favorecimento

Os contratos assinados com a TMN Engenharia tiveram aditivos de valor expressivos, ultrapassando centenas de milhares de reais.

Em alguns casos, os acréscimos superam 20% do valor original — limite permitido pela Lei de Licitações para obras e serviços de engenharia, o que exige explicações detalhadas da prefeitura.

Além disso, a concentração de recursos em uma única empresa — especialmente uma que responde a inquérito policial — reforça a suspeita de direcionamento de licitações e fragilidade nos mecanismos de controle interno do município.

Pavimentação “fantasma” e falta de prestação de contas

O caso mais recente envolve o contrato de pavimentação de mais de R$ 9 milhões, classificado como “obra fantasma”, já que a prefeitura não especificou onde o serviço seria executado.

Consultando o Portal da Transparência de Tabatinga, não há registros públicos sobre os endereços beneficiados, medições, etapas de execução ou relatórios de fiscalização — informações obrigatórias por lei.

Para juristas ouvidos por veículos locais, essa ausência de dados fere o princípio da publicidade e da transparência, previsto na Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527/2011), além de contrariar a Constituição Federal.

O que dizem os órgãos de controle

Até o momento, o Ministério Público Federal (MPF) e o Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM) não se pronunciaram oficialmente sobre os contratos mais recentes.
Contudo, o histórico da empresa e o volume de recursos movimentados chamam a atenção e podem motivar a reabertura de investigações sobre possíveis fraudes, superfaturamentos ou desvio de verbas públicas.

Dinheiro público em xeque

Enquanto Tabatinga enfrenta sérios desafios em áreas como saúde e educação, mais de R$ 21 milhões em contratos estão sob suspeita de irregularidades e falta de transparência.

O caso coloca em evidência um possível esquema de favorecimento e má gestão dos recursos públicos, que precisa ser investigado com rigor pelos órgãos competentes.

O que se desenha em Tabatinga é um romance de poder, contratos milionários e falta de transparência, no qual uma empresa investigada pela Polícia Federal se mantém como principal fornecedora da prefeitura.

Com um montante que ultrapassa R$ 23 milhões, o caso expõe fragilidades graves na gestão pública local e levanta uma pergunta inevitável: quem está realmente lucrando com o dinheiro do povo de Tabatinga?

Veja documentos 



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