AmazonPrev, Banco Master, Wilson e Rueda: entenda a ligação que pode destruir a aposentadoria dos servidores do AM
Amazonas – Uma teia de poder, apetite por recursos públicos e risco financeiro ameaça diretamente a segurança previdenciária dos servidores do Amazonas. A prisão do banqueiro Daniel Vorcaro, ex-CEO do Banco Master, e denúncias de aplicações de R$ 300 milhões da AmazonPrev em bancos digitais – incluindo R$ 50 milhões no Master – reacendem questionamentos graves: será que líderes políticos usaram a previdência estadual para favorecer aliados, desviar recursos e prejudicar trabalhadores da ativa e aposentados? Entre os nomes mais citados, surgem o do governador do Amazonas e presidente estadual do União Brasil, Wilson Lima, e o presidente nacional do União Brasil, Antônio Rueda.
A relação entre os três personagens se torna mais evidente quando se analisa como o poder político e o interesse empresarial se cruzam. Daniel Vorcaro, antes de preso por envolvimento em um esquema criminoso de R$ 12 bilhões, circulava com extrema facilidade entre figuras influentes da política nacional — e uma das mais citadas era justamente Antônio Rueda, que se aproximou do bancário através do senador Ciro Nogueira. Reportagens de bastidores afirmam que Vorcaro mantinha uma relação próxima com Rueda, construída a partir de encontros, articulações e apoio político em Brasília.
Rueda, como presidente nacional do União Brasil, detém enorme influência dentro do Congresso e nos governos estaduais aliados, sendo frequentemente descrito como alguém capaz de “abrir portas” para empresários com interesses específicos. Vorcaro era um desses empresários: seu banco dependia de credibilidade institucional, investidas de fundos públicos e apoio político para continuar crescendo, especialmente no mercado de títulos de alto risco. E Rueda sempre apareceu nesse entorno.
Essa proximidade ganhou relevância quando o Banco Master passou a orbitar negociações envolvendo fundos de previdência e investimentos estatais. A articulação política entre Vorcaro e dirigentes do União Brasil teria facilitado operações em diversos estados — uma dinâmica que, segundo analistas, não exclui a possibilidade de influência direta ou indireta sobre a AmazonPrev. A pergunta que paira no ar é simples: se Vorcaro tinha trânsito com Rueda, e Rueda tinha poder sobre governadores aliados, até onde essa influência chegou?
É aí que entra o governador Wilson Lima. Ele não é apenas um aliado institucional de Rueda: Wilson é o presidente do União Brasil no Amazonas, o que o coloca sob a estrutura política comandada nacionalmente pelo próprio Rueda. Ou seja, os dois possuem uma relação partidária direta, hierárquica e estratégica. Rueda é líder nacional da sigla; Wilson é seu representante máximo no estado. Toda articulação relevante no Amazonas passa pelo comando nacional — e toda agenda nacional do partido se apoia nos estados controlados por seus presidentes regionais. É uma relação política fluida, constante e de alinhamento mútuo.
E quando se observa que a AmazonPrev, sob o governo Wilson, aplicou R$ 50 milhões no Banco Master de Vorcaro, e que essa decisão ocorreu no período em que o Master era bem posicionado politicamente graças à influência de Rueda, o cenário deixa de parecer coincidência. Soma-se a isso o fato de que o chefe da AmazonPrev à época, Ary Renato, era ligado diretamente ao governador, tendo sido contador de sua campanha. A cadeia fica completa: Vorcaro tinha a proximidade política com Rueda; Rueda comandava o partido ao qual Wilson Lima está subordinado; e Wilson tinha controle administrativo sobre quem decidia os investimentos da previdência estadual.
Vale ressaltar que as aplicações de R$300 milhões da AmazonPrev em bancos digitais – sendo de R$250 milhões no C6 Bank e R$50 milhões no Master- foram feitas de forma inconstitucional, entre junho e setembro de 2024, enquanto o cargo de diretor-presidente era ocupado por Ary Renato Vasconcelos de Souza, que foi substituído em 2025 por Evilázio Nascimento, por decisão direta do governador do Estado, Wilson Lima. Ou seja: Ary saiu de cena após a aplicação feita de forma inconstitucional nos bancos. A substituição inclusive ocorreu por ato administrativo, sem processo eletivo interno, o que levanta ainda mais suspeitas acerca do caso.
O Sindicato dos Trabalhadores da Justiça do Amazonas (Sintjam) denunciou ao Ministério Público Estadual (MP-AM) e ao Ministério Público Federal (MPF) irregularidades na aplicação dos R$ 300 milhões. A ausência dos valores foi identificada durante reuniões trimestrais do conselho da fundação e o então diretor-presidente da AmazonPrev, Evilázio Nascimento, apenas saiu de cena atribuindo a responsabilidade à Ary.
Além dos questionamentos sobre a influência de Vorcaro com Rueda, de Rueda com Wilson e de Wilson com a AmazonPrev, ainda há mais interrogações a serem respondidas neste escândalo que já vinha sendo anunciado pelo CM7 Brasil. Isso porque Evilázio é irmão de Alfredo Nascimento, presidente estadual do Partido Liberal (PL), o que levanta mais questionamentos sobre a troca no comando da previdência não ter sido técnica, mas estratégica: teria então Wilson Lima usado Ary como ‘escudo’ e colocado Evilázio em troca de apoio do PL para seus projetos futuros? Ele teria tentado ‘matar dois coelhos com uma cajadada’ só? Para atingir o êxito, o governador teria feito toda essa jogada política e perigosa que pode arruinar com a vida de milhares de servidores do estado?
Veja entrevista sobre as aplicações irregulares:
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Enquanto as autoridades investigam, servidores do Amazonas temem que, mais uma vez, a política e o poder tenham transformado a aposentadoria de milhares de trabalhadores em moeda de troca de um sistema que sempre protege os mesmos — e prejudica quem menos pode se defender.
É importante citar que como o Banco Master está em liquidação extrajudicial, os R$ 50 milhões que a AmazonPrev investiu não estão cobertos pelo Fundo Garantidor de Créditos, que garante apenas até R$ 250 mil por cliente, colocando em risco a maior reserva financeira do Estado construída ao longo de décadas de serviço público.
Veja documentos na íntegra sobre a denúncia ao MP-AM e MPF:










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