Bolsa cai 0,2% e dólar se mantém em R$ 3,46 com cenário externo
RIO – A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) apagou os ganhos, e o dólar reduziu as perdas no fim da manhã desta quarta-feira, passando a operar perto da estabilidade. Embora a agenda doméstica seja uma das mais importantes dos últimos anos — com o Senado decidindo se a presidente Dilma Rousseff será afastada por até 180 dias para apreciação do impeachment — o mercado externo exerce a maior influência em pregão marcado por volatilidade.
A Bovespa agora cai 0,23%, aos 52.899 pontos, enquanto o dólar recua 0,17%, aos R$ 3,461 para venda.
— O cenário externo pesou, com a abertura dos negócios nos EUA em baixa, e as commodities passando a cair. Na política, a não ser que tenhamos uma grande surpresa no Senado, todo mundo já espera que a presidente seja afastada, então a votação deve afetar pouco o mercado — afirmou João Pedro Brugger, da Leme Investimento. — O que inspira alguma cautela é a votação do recurso do governo no STF, além da expectativa em relação aos próximos passos de Temer.
No câmbio, o Banco Central (BC) voltou a atuar hoje por meio de operações de swap cambial reverso, equivalentes à compra de dólares no mercado futuro e que tendem a valorizar a divisa americana. Foram dois leilões desse tipo. No primeiro, o BC conseguiu demanda para 15.970 dos 20 mil contratos que planejava oferecer, comprando ao todo R$ 798,5 milhões. No segundo, foram aceitos 15 mil dos 20 mil ofertados, somando US$ 750 milhões. Dessa forma, a autarquia enxugou do mercado US$ 1,548 bilhão.
— O cenário internacional não está propício hoje para tomada de risco. Aqui a Bolsa até abriu em alta forte embalada pela expectativa de impeachment, mas esse fôlego não resistiu à cautela externa — explicou Hugo Monteiro, analista de investimentos do BullMark Financial Group. — O provável afastamento da presidente Dilma já parece estar no preço dos ativos. Mas se a votação encerrar com resultado muito diferente do esperado, isso deve refletir no pregão seguinte da Bolsa.
Globalmente, o dólar cai 0,42% contra uma cesta de dez divisas com os investidores realizando lucros depois da escala de sete dias seguidos de valorização da moeda americana. O dólar cai hoje contra 20 das 24 principais moedas do mundo.
Entre as ações brasileiras, os papéis Petrobras ON sobem 1,78% (R$ 13,08), enquanto os PN avançam 0,78% (R$ 10,29). A Vale ON tem alta de 1,57% (R$ 16,12), e a PNA sobe 0,53% (R$ 13,20).
No setor bancário, o de maior peso no Ibovespa, o Banco do Brasil ON opera praticamente estável (queda de 0,04%), a R$ 21,44, enquanto o Bradesco PN sobe 1,46% (R$ 27,02). O Itaú Unibanco PN sobe 0,52% (R$ 32,68).
As ações preferenciais da Cia. Brasileira de Distribuição (CBD), que controla redes como Pão de Açúcar e Casas Bahia, caem 3,78% (R$ 47,58), depois de a empresa ter divulgado na terça-feira prejuízo consolidado de R$ 179 milhões no primeiro trimestre.
O mercado de juros futuros demonstram otimismo dos investidores com a perspectiva de troca de governo e da possível nomeação do economista-chefe do Itaú, Ilan Goldfajn, para chefiar o BC. O contrato DI com vencimento em 2021 cai de 12,42% para 12,18% ao ano, enquanto o que vence em 2017 recua de 13,63% para 13,57%. O DI é um indicativo da expectativa dos investidores para a taxa básica Selic no momento do vencimento. Hoje os juros estão em 14,25% ao ano.
RESULTADOS CORPORATIVOS PESAM EM WALL ST.
Em Wall Street, as ações recuam após a divulgação de balanços trimestrais frustrantes de empresas como Disney e Macy’s. O índice Dow Jones cai 0,52%, enquanto o S&P 5090 perde 0,22%. Nasdaq recua 0,32%.
Na Europa, a maioria dos pregões são negativos após dois dias de alta. O índice de referência Euro Stoxx cai 0,72%, e a Bolsa de Paris recua 0,47%. Em Frankfurt, a perda é de 0,56%. Londres opera estável.