Atuação do BC faz dólar comercial subir mais de 1%, a R$ 3,497
SÃO PAULO – Após o dólar comercial atingir a mínima em nove meses, o Banco Central (BC) voltou a atuar com mais força no mercado de câmbio. O resultado é que a cotação da moeda americana subia, às 15h20, 1,65% ante o real, a R$ 3,495 na compra e a R$ 3,497 na venda – na máxima a divisa chegou a R$ 3,509. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) registra queda de 0,21%, aos 53.794 pontos.
O BC anunciou nesta segunda-feira a oferta de 40 mil contratos de swap cambial reverso, que possuem o efeito de uma compra de moeda no mercado à vista. Esse montante equivale a US$ 2 bilhões. A autoridade monetária conseguiu fazer a colocação integral desses papéis, enxugando a liquidez do mercado e, assim, contribuindo para a alta da moeda.
Na avaliação de Ítalo Abucater, gerente de câmbio da corretora Icap do Brasil, o BC ficou mais ausente na semana passada porque optou por não interferir na formação da taxa Ptax do final do mês. Essa cotação é calculado pela autoridade monetária com base nas operações diárias e serve como base para a liquidação de contratos do mercado financeiro. Todo final de mês, ocorre uma disputa entre os investidores que apostam na alta da cotação e aqueles que esperam por uma desvalorização.
— O BC ficou praticamente ausente na semana passada e agora voltou mais agressivo. Ele optou por não atuar tanto nos últimos dias de abril para não distorcer a formação da Ptax — explicou.
Desde o dia 22 de março o BC vem ofertando de forma agressiva esses contratos de swap reverso. Pontualmente, há uma pressão sobre a cotação do dólar, já que a operação equivale a uma compra de moeda. Mas, mais do que isso, a autoridade monetária está conseguindo reduzir a sua exposição à variação do dólar, que acaba por afetar as contas públicas. O estoque líquido de contratos de swap tradicional (que equivalem a venda de moeda) caíram no período de pouco mais de US$ 108 bilhões para menos de US$ 70 bilhões.
— A autoridade monetária está aproveitando o cenário global para reduzir esse estoque, ficando sempre nessa taxa de R$ 3,50. É também uma forma de deixar o BC menos vulnerável caso o Federal Reserve (Fed, o bc americano) mude a sua estratégia de juros para o segundo semestre — disse Abucater.
No mercado externo, o dólar registra queda. O “dollar index”, calculado pela Bloomberg, recua 0,47%.
A autoridade monetária também anunciou que o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre as transações com moeda estrangeira em espécie será elevada de 0,38% para 1,10% a partir de terça-feira.
A moeda americana atingiu a sua menor cotação em nove meses na última sexta-feira, em um pregão de atuação mais fraca do BC. A moeda americana fechou cotada a R$ 3,44 na venda, um recuo de 1,68%.
PETRÓLEO EM QUEDA
A Bolsa opera em terreno negativo devido ao comportamento das ações do setor bancário. Os papéis preferenciais (PNs, sem direito a voto) do Itaú Unibanco e do Bradesco recuam, respectivamente, 2,13% e 1,81%. No caso das ordinárias (ONs, com direito a voto) do Banco do Brasil, a queda é de 0,99%.
O petróleo registra desvalorização nesta segunda-feira. O barril do tipo Brent cai 3,04%, a US$ 45,93. Ainda assim, as ações da Petrobras estão em terreno positivo. As preferenciais da estatal 0,09%, cotadas a R$ 10,24, e as registram valorização de 1,43%, a R$ 13,46.
No exterior, a maior parte dos índices do mercado acionário operam em alta. O DAX 40, de Frankfurt, sobe 0,84%, e o CAC 40, da Bolsa de Paris, sobe 0,31%. Já o FTSE 100, de Londres, cai 1,27%. Nos Estados Unidos, o Dow Jones sobe 0,46% e o S&P 500 tem alta de 0,36%.