Brasília Amapá Roraima Pará |
Manaus
Web Stories STORIES
Brasília Amapá Roraima Pará

‘A bolha dos Brics estourou?’, questiona artigo do jornal ‘The Guardian’

Compartilhe

RIO – A promessa de que os Brics — grupo de países formado por Brasil, Rússia, Índia, China, Rússia e África do Sul — seriam o motor da economia global no século XXI está em cheque, segundo artigo publicado pelo jornal britânico “The Guardian”. Diante de desafios domésticos e um cenário internacional que não ajuda, o periódico sustenta que a “bolha” do bloco teria estourado. Ou seja, o desempenho do grupo de emergentes está aquém das expectativas.

O conceito de Brics surgiu em 2001. O termo foi cunhado pelo economista Jim O’Neill, então presidente do Goldman Sachs Asset Management. A sigla se transformou em um bloco formal, que já tem o próprio banco de investimentos e um PIB estimado de US$ 16 trilhões. Apesar da grandeza, o artigo do “Guardian” critica a eficiência das ações realizadas até agora.

“Planos ambiciosos para criar uma reserva cambial alternativa ao dólar e desafiar o domínio americano em tecnologia da informação se mostraram pequenos. Enquanto isso, condições econômicas adversas combinadas à queda da demanda global e os menores preços do petróleo e de commodities estão cobrando um preço”, destaca o texto.

O artigo lembra ainda que, em novembro, o Goldman Sachs — o mesmo banco de onde surgiu a sigla — fechou seu fundo de investimentos em Brics, após os ativos derreterem 88%, desde o ápica, alcançado em 2010. Na ocasião, a instituição financeira disse a SEC, a xerife do mercado de capitais dos EUA, que não esperava que os ativos crescessem “significativamente em um futuro previsível”.

— A promessa do crescimento rápido e sustentável dos Brics foi muito desafiada nos últimos cinco anos. O conceito de Brics era popular, mas nada é eterno — diz Jorge Mariscal, gerente de investimento do UBS Wealth Management, em entrevista ao jornal britânico.

CRISE POLÍTICA PREOCUPA

A crise política é um dos principais entraves para a sustentabilidade das economias do grupo de emergentes. O impasse em Brasília e a possibilidade de que a presidente Dilma Rosseff sofra um impeachment são particularmente preocupantes, ressalta o “Guardian”: “Com cerca de um quarto dos membros do Congresso brasileiro enfrentando algum tipo de investigação criminal, a crise se tornou estrutural e existencial em sua essência, levantando preocupações sobre a durabilidade da jovem democracia do Brasil”

O periódico chega a comparar a situação brasileira à da África do Sul. “Preocupações idênticas surgiram na África do Sul, onde Jacob Zuma, presidente do país, e o governo do Congresso Africano Nacional estão envolvidos em alegações de corrupção e prevaricação. O cenário faz com que companhias estatais tenham desempenho abaixo do esperado e provoca depreciação da moeda, queda nas exportações e inflação em alta”, continua o texto.

Em meio a preocupações com a recessão no Brasil e na Rússia, a crise política africana e a desaceleração da economia chinesa, a Índia é vista como um ponto positivo no bloco. O país deve manter crescimento anual superior a 7% e, na avaliação do analista George Magnus, citado pelo “Guardian”, tem melhorado seu ambiente de negócios. “A Índia certamente não é paradigma de virtude quando se falaem corrupção, nem é eficiente em relação à infraestrutura, mas está empenhada em acelerar sua reforma econômica e de competitividade”, escreveu Magnus, em artigo recente.

FOCO NA GOVERNANÇA

Para o “Guardian”, seria “tolo” descartar os Brics como importantes atores do xadrez econômicom já que todos têm características positivas, como “vastos recursos e jovens populações”. Mas não basta crescer, alerta a publicação: “Para garantir seu lugar no século XXI, os Brics precisam criar sistemas de governança mais abertos e confiáveis. É um desafio de liderança, não de lucro e prejuízo”.



Banner Rodrigo Colchões

Banner 1 - Portal CM7 Siga-nos no Google News Portal CM7



Carregar mais