Violência no pleito de 2024 é mais que o dobro da eleição passada, revela pesquisa
Brasil – A violência durante as eleições municipais de 2024 tem alcançado níveis alarmantes, com um aumento de 130% em relação ao pleito de 2020, conforme aponta a pesquisa “Violência Política e Eleitoral no Brasil”, divulgada pelas organizações Terra de Direitos e Justiça Global. Na última quinta-feira (3), três atentados, em diferentes estados do país, reforçaram a gravidade da situação.
No Rio de Janeiro, uma candidata à vereadora sobreviveu a um ataque a tiros graças ao fato de estar em um carro blindado. Em São Paulo, uma outra candidata à Câmara Municipal teve seu veículo atingido por 11 disparos; ela não estava no carro, mas precisou ser hospitalizada devido ao choque. Em Sumaré, no interior paulista, o coordenador de campanha de um candidato a prefeito foi alvo de dois homens armados.
Esses episódios são parte de um cenário crescente de violência no processo eleitoral deste ano. Enquanto em 2020 a média era de um caso de violência política por semana, em 2024 o número saltou para 1,5 ocorrências diárias. A pesquisa identificou 145 casos de violência eleitoral somente no período da pré-campanha deste ano, que inclui assassinatos, ameaças e atentados. Em comparação, no mesmo período de 2020, foram registrados 63 casos.
Escalada da violência política
A coordenadora da Terra de Direitos, Gisele Barbieri, destacou que a violência política, em períodos eleitorais, tem se tornado cada vez mais naturalizada. “Desde a primeira edição da pesquisa, observamos que os anos eleitorais acirram os índices de violência. Os altos números de assassinatos, atentados e ameaças são uma marca preocupante desse contexto”, afirmou Barbieri. Ela também ressaltou que a violência afeta desproporcionalmente as mulheres e atinge candidatos de diferentes espectros políticos.
A pesquisa revelou que entre 1º de janeiro de 2016 e 15 de agosto de 2024, foram registrados 1.168 casos de violência política no Brasil, um dado que já inclui os números atualizados pela nova edição do relatório. O levantamento detalha, ainda, o perfil das vítimas, assim como os tipos de violência e a distribuição por região, cor e raça.
Ameaça à democracia
Com o primeiro turno das eleições marcado para este domingo (6), os especialistas aguardam novos dados que deverão ser atualizados após a votação. A expectativa é de que o número de ocorrências continue a crescer, ampliando ainda mais o cenário de violência eleitoral em um momento crucial para a democracia brasileira.
Os números assustadores de atentados e ameaças destacam um problema estrutural que interfere diretamente na lisura do processo democrático. A escalada da violência não apenas intimida candidatos e eleitores, mas também ameaça os pilares da política no país.
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