Saiba quem são os envolvidos no investimento irregular de R$300 milhões das contas da Amazonprev
Amazonas – O Sindicato dos Trabalhadores da Justiça do Amazonas (Sintjam) denunciou ao Ministério Público Estadual (MP-AM) e ao Ministério Público Federal (MPF) irregularidades na aplicação de R$ 300 milhões oriundo das contas da Amazonprev — fundação responsável pela gestão da previdência dos servidores públicos do Estado do Amazonas.
De acordo com o Sintjam, o montante teria sido aplicado em investimentos nos bancos digitais C6 S.A. e Master S.A., instituições que não possuem credenciamento junto à fundação e possuem um histórico duvidoso.
Veja documento:
As aplicações, conforme o sindicato, não passaram pela análise nem pela autorização do colegiado da Amazonprev, o que configura uma possível violação às normas internas de governança e à legislação que regula os investimentos previdenciários.
Sumiço percebido em reuniões
O coordenador-geral do Sintjam, Roberto Dávila, informou que a ausência dos valores foi identificada durante reuniões trimestrais do conselho da fundação. Segundo ele, o então diretor-presidente da Amazonprev, Evilázio Nascimento, apenas afirmou que os recursos haviam sido aplicados entre junho e setembro de 2024 — R$ 50 milhões no C6 S.A. e R$ 250 milhões no Master S.A., sem dar muitos detalhes.
Atual diretor-presidente da Amazonprev, Evilázio Nascimento
Vale ressaltar que em 2024 o cargo de diretor-presidente era ocupado por Ary Renato Vasconcelos de Souza, que foi substituído em 2025 por Evilázio Nascimento, por decisão direta do governador do Estado, Wilson Lima. Ou seja: Ary saiu de cena após a aplicação feita de forma inconstitucional nos bancos. A substituição inclusive ocorreu por ato administrativo, sem processo eletivo interno, o que levanta ainda mais suspeitas acerca do caso.
Ex-diretor-presidente, Ary Renato Vasconcelos de Souza
Ações no MP-AM e MPF
Diante das suspeitas, o sindicato protocolou representações junto ao MP-AM e ao MPF, pedindo a abertura de inquéritos para apurar a violação à ordem financeira e irregularidades na gestão previdenciária, tendo em vista o risco que o erário pode sofrer caso os bancos declarem falência ou algo do gênero. O Sintjam solicita ainda o bloqueio de bens dos responsáveis, a responsabilização dos gestores e o envio das informações ao Tribunal de Contas do Estado.
Bancos envolvidos em escândalos
Os bancos digitais citados também enfrentam investigações no cenário nacional. O Master S.A. é alvo de apurações da Polícia Federal por envolvimento em fraudes com precatórios. Já o C6 S.A. tem sido acusado de práticas abusivas, como concessão de empréstimos consignados não autorizados a aposentados e pensionistas.
O caso agora está sob análise dos Ministérios Públicos, que deverão decidir sobre a abertura formal de investigação para apurar eventuais responsabilidades na gestão da previdência estadual.
Veja documentos na íntegra sobre a denúncia ao MP-AM e MPF: