Mesmo com orçamento de R$ 38 bilhões para 2026, Wilson Lima continua com governo endividado
Amazonas – O Governo do Amazonas vive uma crise sem precedentes. Mesmo com um orçamento recorde de R$ 38 bilhões previsto para 2026 — um aumento de 21% em relação a este ano —, o governador Wilson Lima (União Brasil) enfrenta atrasos de pagamentos generalizados, endividamento crescente e uma administração que especialistas classificam como “financeiramente à beira do colapso”.
Empresas que prestam serviço ao Estado, de diferentes áreas, relatam o mesmo drama: meses sem receber. Há contratos na saúde, educação e segurança com mais de quatro meses de atraso, e fornecedores aceitando metade do valor apenas para não encerrar as atividades.
Enquanto isso, o governo envia à Assembleia Legislativa um orçamento bilionário e tenta contrair um novo empréstimo de R$ 3,1 bilhões junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) — operação que será paga até 2044, ou seja, por cinco futuros governadores.
Governo estoura limite fiscal e busca empréstimo bilionário
O desequilíbrio das contas públicas já ultrapassou o limite legal. Em outubro, Wilson Lima editou o Decreto nº 52.617, após o Estado ultrapassar 96,85% de despesas sobre as receitas correntes, acima do teto constitucional de 95%.
O decreto restringe novos custeios e congela gastos — medida imposta pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN) como condição para liberar o novo empréstimo com o BID. O governo afirma que o crédito servirá para “trocar dívidas caras por baratas”, mas economistas alertam: é um alívio temporário pago com o futuro do Amazonas.
“O Estado está gastando mais do que arrecada há seis anos consecutivos. O empréstimo é apenas um fôlego curto, não uma solução”, explica um economista ouvido pela reportagem.
O Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM) chegou a emitir uma certidão atestando o enquadramento fiscal do Amazonas, mas reconheceu que o ajuste foi feito “por obrigação, não por planejamento”.
Dívida empurrada até 2044
Desde 2019, quando Wilson Lima assumiu o governo, o Amazonas nunca conseguiu fechar um único ano com superávit. O Estado vem operando no vermelho, gastando mais do que arrecada e se mantendo à base de operações de crédito e contenções emergenciais.
Com o novo empréstimo do BID, o governo pretende quitar débitos imediatos e aliviar a folha, mas cria uma dívida de longo prazo que compromete o caixa até 2044.
“Essa política é o retrato do improviso fiscal”, observa um servidor da Secretaria da Fazenda. “O governo não reduz gastos, apenas empurra a conta para o próximo.”
Educação: contratos milionários e resultados desastrosos
A crise financeira se soma a uma investigação do TCE-AM sobre os contratos da Secretaria de Educação (Seduc-AM), que movimentaram centenas de milhões de reais entre 2020 e 2025, enquanto o Estado despencava para o último lugar no Enem 2025.
Os dados do Portal da Transparência mostram uma concentração bilionária em poucas empresas — muitas delas sediadas fora do Amazonas. Entre os maiores contratos estão:
Multiverso das Letras Distribuidora Ltda (SP) – R$ 533,4 milhões (2023) e R$ 317 milhões (2024);
Poranduba Consultoria Educacional (Sudeste) – R$ 178 milhões (2022) e R$ 138 milhões (2025);
GM Quality (PE) – R$ 122 milhões (2021);
MVT Educação (SP) – R$ 102 milhões entre 2022 e 2024.
A inspeção extraordinária do TCE apura critérios de contratação, aditivos sucessivos, eficácia pedagógica e possível favorecimento de fornecedores recorrentes.
O discurso de austeridade virou ficção
Mesmo com discurso de “responsabilidade fiscal”, o governo Wilson Lima mantém altos gastos com publicidade, consultorias e contratos emergenciais, enquanto atrasos a fornecedores e servidores se acumulam.
O Amazonas vive hoje uma combinação explosiva de crise fiscal, endividamento e falta de transparência. A máquina pública funciona com base em remendos e empréstimos, enquanto o cidadão sente os efeitos nas escolas, hospitais e ruas.
E a pergunta que não cala
Com R$ 38 bilhões previstos para 2026 e um novo empréstimo que vai comprometer as próximas duas décadas, o questionamento é inevitável:
Para onde está indo todo esse dinheiro, governador Wilson Lima?
Até o momento, o governo segue em silêncio — e o Amazonas, cada vez mais, afundado em dívidas e desconfiança.
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