Declaração do Brics pede reforma da ONU e cita Nova Ordem Mundial
Brasil – Na 16ª cúpula do Brics, realizada em Kazan, na Rússia, os líderes do bloco pediram reformas profundas nas instituições internacionais, especialmente no Conselho de Segurança da ONU e no Fundo Monetário Internacional (FMI). O objetivo, segundo o grupo, é aumentar a representatividade e o poder de voz das nações menos desenvolvidas, refletindo a nova realidade geopolítica e econômica mundial.
A “Declaração de Kazan”, publicada na quarta-feira (23/10), com 134 itens, enfatiza a necessidade de uma nova ordem mundial multipolar, em que vários centros de poder coexistam e garantam maior equilíbrio global. “A multipolaridade pode expandir oportunidades para países em desenvolvimento e de mercados emergentes, desbloqueando seu potencial e garantindo benefícios para todos”, afirma o documento.
Reforma da Governança Global
Os países do Brics ressaltaram a urgência de reformas nas instituições de Bretton Woods, como o FMI, com o intuito de dar maior representatividade a nações emergentes. “Apelamos à expansão da representação de países em desenvolvimento em posições de liderança, refletindo suas contribuições para a economia global”, declararam os líderes.
Na cúpula, Xi Jinping, presidente da China, destacou a importância de reformar a governança global e fortalecer a cooperação entre os países do Sul Global, que são, em sua maioria, nações emergentes do Hemisfério Sul. Ele apontou que o ritmo dessas reformas não tem acompanhado as rápidas mudanças no equilíbrio de poder internacional.
Desdolarização e Financiamento Local
Outro ponto crucial da declaração é a ênfase na promoção de mecanismos de financiamento e comércio em moedas locais, como forma de reduzir a dependência do dólar nas transações internacionais. “Incentivamos o uso de moedas nacionais nas transações entre os países do Brics e seus parceiros comerciais”, diz o texto.
Conflitos Globais e Críticas às Sanções
A declaração também aborda os conflitos globais, como as guerras na Ucrânia, Gaza, Sudão e Líbano, pedindo por cessar-fogo e soluções diplomáticas. O Brics reforçou seu apoio à adesão plena da Palestina à ONU e condenou ataques que violam o Direito Internacional, como as ações militares de Israel no Líbano.
Além disso, o documento critica as sanções econômicas unilaterais aplicadas por potências ocidentais, particularmente contra países como Rússia, Irã, Venezuela e China. O bloco classificou essas sanções como ilegais e prejudiciais ao crescimento econômico, à segurança alimentar e ao desenvolvimento sustentável das nações afetadas. “Pedimos a eliminação de sanções unilaterais que afetam desproporcionalmente os pobres e vulneráveis”, conclui a declaração.
Caminho para a Multipolaridade
Com a Declaração de Kazan, o Brics reforça seu compromisso com a construção de uma ordem global mais justa e equilibrada, onde países em desenvolvimento e mercados emergentes possam ter um papel ativo na definição dos rumos do planeta.
Veja na íntegra o documento: