“Caos humanitário”: senadores Plínio Valério e Damares Alves denunciam abusos em Humaitá e Manicoré após a Operação Boiúna; veja vídeo
Manaus – O senador Plínio Valério (PSDB-AM) e a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado (CDH), concederam entrevista coletiva nesta quinta-feira (25) para apresentar o balanço da diligência realizada nos municípios de Humaitá e Manicoré, no sul do Amazonas.
A visita da CDH foi aprovada a partir de requerimento de Plínio Valério e teve como objetivo apurar denúncias de abusos cometidos pela Polícia Federal durante a Operação Boiúna, que entre 10 e 24 de setembro destruiu 277 dragas de garimpo ilegal no Rio Madeira, causando prejuízo estimado em R$ 38 milhões.
Segundo os parlamentares, no entanto, além dos resultados oficiais, a operação provocou medo e caos entre famílias ribeirinhas. Eles apresentaram relatos de crianças em pânico, mulheres grávidas ameaçadas, idosos que perderam documentos e trabalhadores que ficaram sem meios de sustento após a destruição das balsas.
“Eu abracei crianças em crise de ansiedade. Há meninas em terapia porque acreditam que a polícia vai matar seus pais. Vimos ainda mulheres grávidas coagidas a pular no rio e idosos que perderam seus documentos, inclusive cartões de benefício. Estamos diante de um quadro de violação à dignidade humana”, declarou Damares Alves.
Plínio Valério reforçou que a diligência buscou levar solidariedade às comunidades, mas também colher provas para um relatório robusto da CDH, que será encaminhado a autoridades brasileiras e organismos internacionais. “Não vimos traficantes presos, nem fuzis apreendidos. O que vimos foi a destruição do patrimônio de famílias que vivem do garimpo familiar. A hipocrisia é falar em defesa do meio ambiente enquanto o que ficou foi fumaça, óleo no rio e pânico na população”, disse o senador.
Os parlamentares afirmaram ainda que pretendem apresentar projetos de lei para revisar o marco legal do garimpo familiar, além de cobrar medidas de proteção social e psicológica às comunidades atingidas. “É um começo de trabalho. Vamos lutar por essas pessoas e mostrar ao Brasil que a realidade da Amazônia não pode ser ignorada”, concluiu Damares.
Enquanto isso, a Polícia Federal sustenta que a Operação Boiúna foi planejada em conjunto com a Força Nacional, PRF, Ministério do Trabalho e MP do Trabalho, e incluiu ações sociais como coletas de material biológico para avaliar a contaminação por mercúrio. Um estudo técnico sobre os impactos ambientais e de saúde deverá ser divulgado em breve.
Veja vídeos: