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Vendas em bares e restaurantes caem após bebidas adulteradas com metanol

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Vendas em bares e restaurantes caem após bebidas adulteradas com metanol

Brasil – As vendas em bares e restaurantes em todo o país sofreram uma queda expressiva em setembro, reflexo direto da crise causada pela contaminação de bebidas alcoólicas com metanol. O temor entre consumidores fez o setor registrar retração de 4,9% em relação a agosto, segundo levantamento da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em parceria com a Stone.

Na comparação com o mesmo mês de 2024, o recuo foi de 3,9%, interrompendo uma sequência de três meses de estabilidade. O impacto da chamada “crise do metanol” atingiu quase todos os estados brasileiros — dos 24 monitorados pelo Índice Abrasel-Stone, apenas Maranhão (+2,6%) e Mato Grosso do Sul (+1%) apresentaram crescimento nas vendas.

Entre os estados com maior queda, destacam-se Roraima (-11,5%), Pará (-9,9%), Rio de Janeiro e Santa Catarina (-7,6%), além de Paraíba e Sergipe (-7%). No Amazonas, a retração foi de 1,6%, enquanto São Paulo, epicentro da crise, teve queda de 2,7%.

Inflação e desconfiança afastam consumidores

De acordo com o economista Guilherme Freitas, pesquisador da Stone, a retração é resultado de um “ambiente mais desafiador para a alimentação fora do lar”, influenciado não apenas pela contaminação das bebidas, mas também pelo aumento dos preços.

Dados do IBGE mostram que, no acumulado de 12 meses até setembro, a inflação da alimentação fora de casa foi de 8,24%, bem acima dos 5,17% do IPCA geral. “Com o endividamento elevado e a desaceleração na criação de empregos formais, o consumidor tem priorizado gastos essenciais. Itens como refeições e bebidas fora de casa acabam ficando em segundo plano”, explica Freitas.

O economista destaca ainda que a crise do metanol “gerou um fator pontual de incerteza”, reduzindo a frequência nos bares. “O impacto total deve aparecer nos números de outubro, especialmente em São Paulo, onde o tema ganhou grande repercussão. Mas a tendência é que seja um efeito temporário, já que a fiscalização e as medidas de controle restabeleceram a confiança do público”, avalia.

Pânico e retração no consumo

Para o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, o episódio provocou uma reação imediata entre os frequentadores. “A crise do metanol espalhou pânico entre os consumidores. Muitos bares viram o movimento cair quase pela metade nas semanas seguintes à notícia”, disse.

Ele também lembra que setembro costuma ser um mês mais fraco para o setor. “Não há datas comemorativas relevantes, e o mês vem logo após o Dia dos Pais, quando há um pico de consumo”, completa Solmucci.

O avanço dos casos de intoxicação

Segundo o Ministério da Saúde, até 17 de outubro, o Brasil havia registrado 46 casos confirmados de intoxicação por metanol, com oito mortes — seis em São Paulo e duas em Pernambuco. Outras 87 notificações seguem em investigação.

O metanol é uma substância altamente tóxica, usada na fabricação de solventes, plásticos e combustíveis. Quando ingerido, pode causar cegueira com apenas 10 ml e ser fatal com 30 ml. Os sintomas iniciais se confundem com os de uma ressaca, o que dificulta o diagnóstico e o tratamento.

A contaminação, segundo as investigações, ocorreu a partir da adulteração de bebidas destiladas comercializadas de forma ilegal, o que desencadeou uma ampla operação de fiscalização e apreensão em diversos estados.

Apesar dos esforços para conter o problema, o estrago no setor de bares e restaurantes já se refletiu nas vendas e na confiança dos consumidores. Resta agora ao setor torcer para que o último trimestre do ano — tradicionalmente mais aquecido — marque o início da recuperação.



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