Fábrica ilegal tinha estoque de 17 mil bebidas envenenadas com metanol prontas para a venda
Brasil – A Polícia Civil de São Paulo deflagrou, na manhã desta terça-feira (30), uma operação contra a falsificação de bebidas alcoólicas no interior do estado.
Os agentes localizaram uma fábrica clandestina em Americana (SP), onde funcionava uma estrutura industrial voltada à adulteração e distribuição de produtos falsificados.
Durante a ação, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão. No imóvel, os policiais encontraram uma linha de produção com equipamentos para envase, rotulagem e selagem, além de milhares de rótulos falsos de marcas conhecidas.
Segundo a investigação conduzida pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), a operação estava prevista para ocorrer em duas semanas, mas foi antecipada em razão do aumento dos casos de intoxicação por metanol registrados no estado.
Apesar da gravidade do caso, os peritos não identificaram vestígios da substância altamente tóxica no local.
Em vez disso, foram apreendidos grandes volumes de álcool etílico de alta pureza — produto com odor suave, frequentemente usado para adulterar bebidas alcoólicas e enganar consumidores.
Todo o maquinário foi apreendido e será periciado. Nenhum suspeito foi preso até o momento.
A operação ocorre em meio a uma onda de casos de intoxicação por metanol na Região Metropolitana de São Paulo.
O Governo do Estado de São Paulo confirmou nesta segunda-feira (29), a terceira morte relacionada ao consumo de bebidas adulteradas com a substância. Um quarto óbito está sob investigação.
Desde junho deste ano, foram registrados seis casos confirmados de intoxicação por metanol no estado.
Atualmente, dez casos seguem em apuração — três deles resultaram em mortes: um homem de 58 anos em São Bernardo do Campo, um de 54 anos na capital paulista e outro de 45 anos cuja cidade de residência ainda está sendo investigada.
Segundo a Prefeitura de São Bernardo do Campo, o paciente de 58 anos faleceu em 24 de setembro após receber atendimento no Hospital de Urgência. Já a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo informou que a vítima da capital apresentou sintomas em 9 de setembro e morreu seis dias depois.
Na última sexta-feira (26), o Ministério da Justiça e Segurança Pública do Brasil divulgou que a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos recebeu uma notificação sobre nove casos de intoxicação por metanol no estado em apenas 25 dias — todos associados ao consumo de bebidas adulteradas.
O metanol (CH₃OH) é um álcool simples, inflamável e altamente tóxico. Em pequenas quantidades, pode ser encontrado em frutas e vegetais ou até produzido naturalmente pelo organismo humano. No entanto, em concentrações elevadas, seu consumo causa graves danos ao sistema nervoso e pode levar à morte.
Conhecido como “álcool da madeira” — nome que remonta ao período em que era extraído da destilação de toras —, o metanol atualmente é produzido industrialmente a partir do gás natural. Por sua semelhança com o etanol em aparência e odor, muitas vezes passa despercebido ao consumidor final, tornando a ingestão acidental ou criminosa ainda mais perigosa.
As investigações continuam para identificar os responsáveis pela fábrica clandestina e possíveis conexões com a distribuição de bebidas adulteradas que resultaram em intoxicações e mortes no estado. A Polícia Civil não descarta novas prisões nos próximos dias.