Correios em situação crítica: risco de calote no 13º acende alerta e funcionários ameaçam greve nacional; veja vídeo
Brasil – A crise financeira dos Correios se agravou de forma alarmante nesta quinta-feira (11/12). Além do risco concreto de a estatal não conseguir pagar o 13º salário — cujo prazo final é 20 de dezembro — sindicatos de trabalhadores já anunciaram indicativo de greve para a próxima terça-feira, 16 de dezembro, caso a empresa mantenha o que chamam de “retirada de direitos”.
Com um rombo histórico de R$ 6,1 bilhões acumulado até setembro, os Correios dependem de uma solução urgente vinda do governo federal ou de um empréstimo de R$ 20 bilhões negociado com bancos privados. Sem esses recursos, não há garantia de que o pagamento do 13º será realizado, gerando tensão e insegurança entre os funcionários.
Crise financeira sem precedentes
Para honrar compromissos básicos, incluindo o 13º salário, a estatal precisa de R$ 6 bilhões do Tesouro Nacional ou da aprovação do empréstimo emergencial com Banco do Brasil, BTG Pactual, Citibank, ABC Brasil e Safra. Entretanto, a negociação emperrou. Os bancos exigem juros próximos de 20% ao ano e cobram um plano de reestruturação mais detalhado antes de liberar o montante. Já a possibilidade de crédito extraordinário foi descartada pelo Ministério da Fazenda.
Sindicatos ameaçam cruzar os braços
No meio desse cenário, representantes do Sintect-DF e da Fentect se reuniram com o ministro Guilherme Boulos, da Secretaria-Geral da Presidência. Durante o encontro, os sindicatos afirmaram que há indicativo de greve para o dia 16 de dezembro caso a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos não apresente uma contraproposta econômica e continue com medidas que os trabalhadores classificam como perda de direitos.
Segundo o comunicado do sindicato, foram apresentados problemas relacionados à campanha salarial, retirada de benefícios e falta de proposta da empresa. Também foi discutida a grave situação financeira dos Correios. Boulos teria se comprometido a levar as demandas ao presidente Lula e envolver os ministérios das Comunicações, Gestão, Ciência e Tecnologia e Fazenda para tentar apresentar um retorno até sexta-feira.
Negociações travadas
A crise se agravou ainda mais após a ECT suspender a reunião de negociação prevista para quarta-feira e acionar o Tribunal Superior do Trabalho pedindo mediação. O TST confirmou que irá se reunir com a Fentect nesta quinta-feira para tentar avançar nas conversas.
Serviço essencial à beira do colapso
A Associação dos Profissionais dos Correios (ADCAP) afirma que o governo, como acionista único, é responsável por garantir a sobrevivência da estatal. Segundo a entidade, os Correios sempre se financiaram com recursos próprios para manter a presença em todo o país, um serviço que custa cerca de R$ 5 bilhões por ano e que a empresa não consegue mais sustentar sozinha.
Com a proximidade do prazo do 13º, a falta de recursos e o risco de greve nacional, o futuro dos Correios chega a um ponto crítico, aumentando a pressão sobre o governo e expondo a fragilidade de um dos serviços públicos mais essenciais do país.


