“Bagagem paga, tarifa nas alturas”: passageiros denunciam golpe das companhias aéreas e preços abusivos
Brasil – Oito anos depois de autorizar a cobrança por bagagens, as passagens aéreas no Brasil estão ainda mais caras. Em vez de reduzir o preço dos bilhetes, como prometeram as companhias desde 2017, a medida se transformou em fonte bilionária de lucro para o setor.
De acordo com um levantamento do Metrópoles com dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), as empresas já arrecadaram cerca de R$ 6,95 bilhões em taxas de bagagem entre 2017 e 2025. No mesmo período, o valor médio das passagens domésticas subiu de R$ 552,51 para R$ 650,91, um aumento real de aproximadamente 13%, mesmo após as quedas pontuais durante a pandemia.
Lucro nas alturas, direitos em queda
O resultado desmonta a promessa feita pelas companhias aéreas, que usaram o argumento da “redução de custos” para convencer o governo e os passageiros de que a cobrança tornaria o transporte aéreo mais acessível. O que se viu foi o contrário: tarifas subindo, novas restrições e mais taxas.
Hoje, além de pagar para despachar malas, passageiros enfrentam o risco de serem cobrados até pela bagagem de mão. Empresas como Gol e Latam criaram tarifas “basic”, que só permitem uma mochila ou bolsa de até 10 kg — nada de mala na cabine.
Pressão no Congresso
A reação chegou ao Congresso Nacional. Na terça-feira (21/10), a Câmara dos Deputados aprovou regime de urgência para o projeto de lei que proíbe cobranças extras por bagagens, obrigando as companhias a incluir pelo menos uma mala de mão no valor da passagem.
O texto, de autoria do deputado Da Vitória (PP-ES), será analisado diretamente no plenário nesta quarta-feira (22/10). O relator, Neto Carletto (Avante-BA), disse que pretende manter o texto original, mas incluir regras que coíbam novos abusos do setor.
O Procon-SP notificou companhias aéreas e acusa falta de transparência nos preços. Segundo o órgão, muitos consumidores são surpreendidos com taxas escondidas e pouca clareza nas regras.
Já o presidente da Anac, Tiago Faierstein, afirmou que a agência fará estudos técnicos para “equilibrar os interesses”.
“Queremos um projeto que traga segurança jurídica, mantenha os custos das passagens acessíveis e preserve a competitividade do mercado”, disse.
Promessa não cumprida
Os números, porém, mostram que o impacto foi inverso: as passagens subiram quase 18% em termos nominais, e o passageiro perdeu direitos.
O que foi vendido como “modernização do setor” se transformou em mais custos para o consumidor e lucros recordes para as empresas.
A cobrança por bagagens, que deveria aliviar o bolso de quem viaja, acabou pesando ainda mais — e deixou no ar a pergunta que ecoa entre os passageiros:
onde ficou a promessa de passagens mais baratas?