Quase 800 agentes da vida selvagem da Flórida recebem credenciais e poderão prender imigrantes ilegais
Mundo – Em mais um movimento alinhado à sua rígida política migratória, o governador da Flórida, Ron DeSantis, celebrou nesta semana a ampliação de parcerias entre agências estaduais e o governo federal para reforçar a fiscalização contra imigrantes em situação irregular.
A Comissão de Conservação de Peixes e Vida Selvagem da Flórida (FWC) anunciou que quase 800 agentes receberam credenciais oficiais da ICE (Agência de Imigração e Alfândega dos EUA) por meio do programa federal 287(g). Com isso, eles passam a ter poderes para interrogar, deter e prender pessoas suspeitas de violar leis migratórias, mesmo que originalmente sua atuação fosse restrita à proteção ambiental e vida selvagem.
Essa medida amplia ainda mais o papel das forças estaduais na repressão à imigração irregular. A Patrulha Rodoviária da Flórida (FHP) também entrou no jogo: criou uma Divisão de Fiscalização de Imigração no seu setor de Investigações Criminais e Inteligência. Segundo a própria corporação, quase todos os 1.800 patrulheiros da FHP já passaram por treinamentos para agir como agentes federais de imigração, o que teria resultado em milhares de prisões desde o início da parceria com a ICE.
Apesar dos números, há alertas sobre possíveis impactos negativos. Bill Smith, presidente do sindicato da FHP, disse que a nova missão pode sobrecarregar os recursos humanos e operacionais da corporação, que já sofre com a escassez de pessoal para cobrir as rodovias estaduais. “Estamos sendo puxados para uma função federal, enquanto nossas rodovias continuam precisando de patrulhamento adequado”, declarou.
A expansão do programa 287(g) na Flórida é vista como uma das mais agressivas do país. O dispositivo federal permite que agências locais atuem como braços da imigração, intensificando detenções mesmo fora das fronteiras tradicionais ou aeroportos.
Críticos afirmam que a estratégia abre caminho para abusos, criminaliza comunidades de imigrantes e pode provocar medo generalizado, especialmente entre trabalhadores rurais e imigrantes que vivem em regiões de conservação ambiental, onde agora os “guardiões da fauna” também poderão ser agentes de deportação.
Já aliados de DeSantis defendem a política como parte do combate à criminalidade e do fortalecimento da segurança interna. A tendência, segundo especialistas, é que mais estados governados por republicanos adotem medidas semelhantes, em meio às eleições presidenciais de 2026, em que o debate migratório promete ganhar ainda mais força.
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