Na Flórida, Trump demonstra otimismo sobre acordo na Ucrânia enquanto Rubio diz que “ainda há trabalho a fazer”
Mundo – Os esforços diplomáticos para encerrar a guerra entre Rússia e Ucrânia ganharam novo fôlego neste domingo (30), após mais de quatro horas de negociações entre representantes dos Estados Unidos e da Ucrânia, realizadas em Hallandale Beach, na Flórida. O encontro, descrito como “produtivo” por ambos os lados, ocorre às vésperas da viagem do enviado especial da Casa Branca, Steve Witkoff, a Moscou, onde ele deve se reunir com o presidente russo Vladimir Putin.
O presidente dos EUA, Donald Trump, expressou otimismo sobre um possível avanço. Segundo ele, há “boa chance” de um acordo ser alcançado nas próximas etapas das conversas. “A Ucrânia tem alguns probleminhas difíceis para resolver”, declarou Trump a jornalistas no Air Force One, citando a recente crise interna que levou o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky a demitir seu chefe de gabinete e o principal negociador do país. “Mas acredito que estamos perto de conseguir um entendimento.”
Rubio pede cautela: “É delicado, é complicado”
Apesar do tom confiante do presidente, o secretário de Estado Marco Rubio adotou uma postura mais prudente. Ele afirmou que, embora as discussões avancem, “há mais trabalho a ser feito”. Para Rubio, a complexidade das demandas territoriais, os interesses russos e as vulnerabilidades políticas internas da Ucrânia tornam o processo extremamente sensível.
“Existem muitas partes em movimento, e obviamente há outra parte importante que ainda precisa se manifestar. Isso vai continuar nesta semana, quando o senhor Witkoff seguir para Moscou”, disse Rubio, que participou da reunião ao lado de Witkoff e do conselheiro sênior da Casa Branca Jared Kushner.
Ucrânia relata ‘progresso substancial’
A delegação ucraniana foi chefiada pelo secretário do Conselho de Segurança Nacional e Defesa, Rustem Umerov, acompanhado pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Andrii Hnatov, e pelo assessor presidencial Oleksandr Bevz.
Umerov afirmou ter repassado ao presidente Zelensky um relatório sobre o que descreveu como “avanços substanciais”. Em publicação no X, Zelensky destacou a “dinâmica construtiva” das conversas e reforçou que qualquer negociação deve preservar “a soberania e os interesses nacionais da Ucrânia”.
Um plano ainda nebuloso
Os EUA trabalham em uma proposta para pôr fim ao conflito, já em seu quarto ano, mas os detalhes permanecem envoltos em sigilo. Um rascunho inicial de 28 pontos — elaborado sem participação dos aliados europeus — sugeria que a Ucrânia recuasse do território de Donetsk e que Washington reconhecesse de fato Donetsk, Lugansk e a Crimeia como regiões sob domínio russo.
Após fortes críticas de Kiev e das capitais europeias, o texto foi revisado, embora o conteúdo atual não tenha sido divulgado.
Intensa agenda diplomática pela frente
A mobilização internacional continua nesta semana: Zelensky será recebido pelo presidente francês Emmanuel Macron em Paris nesta segunda-feira (1º), enquanto Witkoff segue para Moscou na terça-feira.
Rubio, por sua vez, deve faltar à reunião dos ministros das Relações Exteriores da OTAN — ausência que já gerou desconforto entre aliados preocupados com os rumos da proposta norte-americana.
Enquanto isso, o conflito na Ucrânia segue sem sinais de trégua, ampliando a urgência por um acordo que, segundo Rubio, não trata apenas de um cessar-fogo, mas de definir “um caminho seguro, soberano e próspero para o futuro da Ucrânia”.
