Flórida: Miami elege prefeita democrata pela primeira vez em quase 30 anos
Mundo – Miami, a vibrante metrópole da Flórida conhecida por sua diversidade cultural e influência latina, viveu um momento histórico nesta semana. A democrata Eileen Higgins, de 61 anos, foi eleita prefeita da cidade em um segundo turno realizado no dia 9 de dezembro, marcando a primeira vitória de um democrata no cargo desde 1997. Além disso, Higgins se torna a primeira mulher a comandar a prefeitura de Miami em seus 129 anos de história.
Higgins, ex-comissária do condado de Miami-Dade e engenheira mecânica de formação, derrotou o republicano Emilio T. González, ex-administrador da cidade e apoiado publicamente pelo presidente Donald Trump. Com aproximadamente 59% dos votos contra 41% do adversário, a vitória foi contundente, apesar da baixa participação eleitoral, que girou em torno de 20% dos eleitores registrados.
No primeiro turno, em 4 de novembro, Higgins liderou com 36% dos votos, à frente de uma lista de 13 candidatos, mas não obteve a maioria necessária, levando ao runoff. González, um coronel aposentado do Exército dos EUA, havia conquistado o segundo lugar com cerca de 18-19%.
Embora as eleições municipais em Miami sejam oficialmente apartidárias, a disputa ganhou tons nacionais. Trump endossou González em sua rede Truth Social, enquanto o Comitê Nacional Democrata e figuras como o ex-secretário de Transportes Pete Buttigieg apoiaram Higgins. A campanha de Higgins focou em temas como acessibilidade à moradia, resiliência climática, redução de burocracia e proteção a imigrantes – críticas diretas às políticas imigratórias rigorosas da administração Trump.
> “Estamos enfrentando uma retórica de autoridades eleitas que é desumanizante e cruel, especialmente contra populações imigrantes”, declarou Higgins após a vitória, segundo a Associated Press.
A eleição ocorre em um contexto de reduto republicano: Miami foi dominada por prefeitos republicanos, muitos de origem cubana, nas últimas décadas. O atual prefeito, Francis Suarez (republicano), é filho de Xavier Suarez, o último democrata eleito em 1997. Higgins, não hispânica – apelidada de “La Gringa” em sua campanha inicial –, construiu uma coalizão diversa, conquistando distritos democratas, independentes e até parcelas de áreas republicanas.
Analistas veem a vitória como parte de uma onda democrata em eleições recentes, incluindo triunfos em Nova Jersey, Virgínia e Nova York. Para o partido, é um sinal de rejeição às políticas de Trump, especialmente em imigração e economia, e um impulso para as midterms de 2026. Republicanos minimizam, atribuindo o resultado à natureza local da disputa.
Com prioridades como acelerar construções de moradias acessíveis, melhorar o transporte público e proteger a Baía de Biscayne, Higgins assume em um momento de desafios para Miami: aumento do custo de vida, riscos climáticos e debates sobre imigração em uma cidade com forte presença latina.
Essa virada em Miami, no “quintal” político de Trump – cujo resort Mar-a-Lago fica a pouco mais de 100 km –, pode indicar ventos de mudança na Flórida, estado pivotal na política americana. Resta observar se o “novo dia” prometido por Higgins se estenderá além das praias ensolaradas da cidade.
