Morre a atriz Brigitte Bardot, ícone do cinema francês, aos 91 anos
Mundo – A atriz francesa Brigitte Bardot morreu aos 91 anos. A informação foi confirmada neste domingo, 28, pela Fundação Brigitte Bardot, organização criada e presidida pela própria artista. O comunicado não informou a causa nem o local da morte.
“Com imensa tristeza, a Fundação Brigitte Bardot anuncia a morte de sua fundadora e presidente, atriz e cantora de renome mundial, que escolheu abandonar uma carreira prestigiosa para dedicar sua vida e sua energia à causa do bem-estar animal”, diz a nota oficial.
Nascida Brigitte Anne-Marie Bardot, em Paris, Bardot iniciou a trajetória artística como bailarina, tornou-se modelo em 1949 e foi descoberta pelo diretor Roger Vadim no ano seguinte, após aparecer na capa da revista Elle. O encontro mudou o rumo de sua vida pessoal e profissional. Casados em 1952, Bardot e Vadim filmaram juntos, em 1956, *E Deus Criou a Mulher*, obra que transformou a atriz em fenômeno internacional.
Aos 22 anos, Bardot protagonizou uma personagem marcada pela sensualidade e pela liberdade de comportamento, rompendo padrões da época. O filme, considerado ousado, foi censurado em países conservadores, sofreu cortes nos Estados Unidos e consolidou a atriz como símbolo sexual dos anos 1950 e 1960. Um cartaz de divulgação sintetizou a imagem construída: “Deus criou a mulher… mas o Diabo criou Brigitte Bardot”.
A partir daí, tornou-se musa de cineastas como Jean-Luc Godard e Louis Malle, além de referência para grandes casas de moda, como Dior, Balmain e Pierre Cardin. Bardot também influenciou costumes: ajudou a popularizar o biquíni, lançou tendências de penteado — como o volumoso sauerkraut, e deu nome às blusas de ombro a ombro, conhecidas até hoje como “decote Bardot”.
Em 1973, aos 39 anos, decidiu se afastar definitivamente do cinema. No ano seguinte, posou nua para a Playboy italiana, marcando simbolicamente sua despedida da indústria cultural. Em 1986, fundou a Brigitte Bardot Foundation, dedicada à proteção dos animais, causa à qual se dedicou até o fim da vida.
Bardot e Búzios: um elo permanente
A história de Brigitte Bardot com o Brasil está diretamente ligada a Búzios, no litoral do Rio de Janeiro. Em janeiro de 1964, no auge da fama, a atriz buscava um local onde pudesse passar despercebida. Encontrou refúgio no então distrito de Cabo Frio, ainda uma vila de pescadores pouco conhecida.
Hospedada em uma casa na Praia de Manguinhos, Bardot viveu por mais de três meses em relativa tranquilidade, acompanhada do namorado Bob Zagury. Em dezembro do mesmo ano, retornou para passar o réveillon, mas a presença de fotógrafos mudou o cenário. Em janeiro de 1965, deixou o Brasil e nunca mais voltou.
Mesmo assim, a passagem da atriz transformou a cidade. Búzios ganhou projeção internacional, atraiu investimentos e consolidou-se como destino turístico. Em 1999, quatro anos após a emancipação do município, foi inaugurada uma estátua em homenagem à atriz, localizada entre a Rua das Pedras e a Praia da Armação. A escultura, assinada por Christina Motta, tornou-se um dos principais cartões-postais da cidade.
Polêmicas e posicionamentos
Apesar de associada à libertação feminina dos anos 1960, Bardot passou a protagonizar controvérsias nas décadas seguintes. Foi multada seis vezes na França por declarações consideradas incitação ao ódio racial contra povos islâmicos. Em 2018, criticou o movimento Me Too, ao afirmar que denúncias de abuso seriam, em muitos casos, resultado de flertes frustrados.
Bardot também manifestou apoio público à líder da extrema-direita francesa Marine Le Pen nas eleições presidenciais de 2012 e 2017, reforçando o caráter polarizador de sua figura nos últimos anos.
Vida pessoal
Ao longo da vida, Brigitte Bardot se casou quatro vezes. Com Jacques Charrier, teve seu único filho, Nicolas, hoje com 65 anos. O casamento durou de 1959 a 1962. Também foi casada com o socialite alemão Fritz Gunter Sachs, entre 1966 e 1969. Desde 1992, vivia com Bernard d’Ormale, seu companheiro mais duradouro.
Brigitte Bardot deixa um legado que atravessa o cinema, a moda, os costumes e a militância ambiental, além de uma marca permanente na história cultural do Brasil, especialmente em Búzios, cidade que ajudou a projetar para o mundo.


