Site revela esquema da JBS de suposta compra de decisões de Mauro Campbell no STJ
A revista Veja revelou, em matéria publicada em seu site na quinta-feira (07), trechos de conversas via WhatsApp de advogados do grupo JBS, investigado nas operações da Polícia Federal Lava-Jato e Carne Fraca, negociando valores de decisões do ministro amazonense do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Mauro Campbell.
De acordo com a matéria, às vésperas do feriado da Independência, a Procuradoria-Geral da República recebeu uma nova “bomba” com centenas de documentos, áudios, e-mails e mensagens de WhatsApp sugerindo um esquema de compra de decisões judiciais em tribunais superiores, em Brasília, por parte da JBS.
Num dos trechos revelados pela revista Veja, há o diálogo entre o diretor jurídico da JBS Francisco de Assis e Silva e uma advogada da empresa, Renata Gerusa Prado Júnior, negociando tráfico de influência e valor de sentenças do ministro Mauro Campbell.
No trecho publicado por Veja de conversa no dia 10 de novembro de 2015, Francisco pergunta se Renata conhece alguém próximo a Mauro Campbell e a advogada revela que ela própria o conhece “muito bem”.
Na sequência do diálogo, Francisco diz que precisa de uma liminar de Campbell até o final do mês.
No dia 16 de novembro de 2015 às 10h40, Renata envia mensagem para Francisco e diz que terá reunião com “o Mauro” e que gostaria de já levar “honorários delimitados” para evitar “valores exorbitantes”.
Às 20h57 do mesmo dia, Renata volta a enviar mensagem a Francisco sobre o assunto e indica que “ele” (Mauro) sugeriu “500” para a MC (medida cautelar) e “1mi” para a RESP (recurso especial).
Renata diz a Francisco que Mauro Campbell acha que o diretor jurídico da JBS ignora a participação dele nas tratativas. E, na sequência, pede ‘dinheiro em espécie” que seria dividido entre ela e o ministro, segundo o diálogo publicado por Veja.
A reportagem da Veja afirma que os documentos que estão na PGE sugerem tráfico de influência também para os ministros João Otávio Noronha e Napoleão Maia. Além de alcançarem processos sob a relatoria da desembargadora federal Maria do Carmo Cardoso que seria a mãe de Renata.
Confira abaixo uma das conversas entre Francisco e Renata:
Mauro Campbell se manifestou por meio de nota:
“Tendo em vista a notícia veiculada no sítio eletrônico de Veja, no dia 07.09.2017, asseverando que a advogada Renata Gerusa Prado de Araújo, em mensagens com o nacional Francisco de Assis e Silva, identificado como Diretor Jurídico da sociedade empresária JBS, tecem comentários envolvendo, dentre outras autoridades, o nome deste signatário, fazendo crer, a quem deles tiver acesso, que a mesma dispõe de acesso irrestrito a este Ministro do Superior Tribunal de Justiça e que esta autoridade judiciária estaria a negociar valores monetários em troca de decisões judiciais em processos a seu encargo, presto, em homenagem à verdade dos fatos, os seguintes esclarecimentos:
No dia 09.11.2015, foi autuada no Superior Tribunal de Justiça a Medida Cautelar n.º 25.180, onde figurava, como Requerente, a sociedade empresária JBS S/A, dois dias depois, no dia 11.11.2015, proferi decisão indeferindo a liminar pleiteada e negando seguimento à própria cautelar. De tal decisão, foi interposto Agravo em Medida Cautelar, tendo sido peticionado pela Agravante a desistência do recurso. Em decisão de 12.02.2016, declarei extinto o procedimento recursal relativo a tal Agravo.
Ressalto que, apenas, no dia 12.11.2015, após o indeferimento da Medida Cautelar, foi recebido em meu gabinete, nos moldes legais e regimentais, com agendamento prévio e de tudo disponível o acesso a quaisquer interessados, o advogado daquela sociedade empresária, ressalto que, pessoa diversa da advogada Renata Gerusa Prado de Araújo.
Como sabemos todos, a calúnia é uma arma poderosa de que se utilizam os enfermos da alma, que a esgrimem de maneira covarde para tisnar a reputação do seu próximo, seja porque a ele não conseguem equiparar-se, seja na busca da concretização dos mais indizíveis desejos de seus egos atormentados.
Ninguém passa pela jornada terrestre sem experimentar o cerco da ignorância e da imperfeição humana. Nada obstante, a calúnia é também uma névoa que o sol da verdade dilui, não conseguindo ir além da sombra de um átimo de tempo.
Informo, ainda, que, tão logo tomei conhecimento de tais notícias, solicitei ao senhor Procurador-Geral da República a instauração de competente e minuciosa apuração de tais fatos, com a consequente punição de todos os envolvidos.”