Tecnologia sustentável avança: motores de popa elétricos começam a ser produzidos em Manaus a partir de 2026
Manaus – A capital amazonense se prepara para dar um passo importante rumo à mobilidade fluvial sustentável. A partir de 2026, o Polo Industrial de Manaus iniciará a fabricação de motores de popa elétricos desenvolvidos pela Livoltek Brasil, empresa do grupo chinês Hexing. O equipamento, criado originalmente na China, passou por adaptações específicas para navegar com eficiência nos rios da Amazônia — conhecidos pela maior densidade da água doce na região.
Segundo Wilton Moura, diretor comercial do grupo, engenheiros chineses e brasileiros trabalharam juntos em Manaus para ajustar o produto à realidade das comunidades ribeirinhas. Antes da produção em larga escala, pescadores e moradores de Careiro da Várzea receberam unidades para um teste de seis meses. O objetivo é garantir que o motor responda bem às condições locais e ao uso diário.
Vantagens ambientais e redução de custos
A tecnologia traz duas vantagens que fazem diferença imediata para quem vive na Amazônia: zero emissão de poluentes e silêncio total durante a navegação.
Como não utiliza combustível fóssil, o motor elimina o risco de vazamento de óleo na água, além de contribuir para a diminuir a mortalidade de peixes. “Se conseguirmos substituir os pequenos motores a combustão por elétricos, teremos um ganho ambiental enorme”, destacou Moura.
O fim do gasto com gasolina é outro atrativo. Em regiões onde um galão pode custar muito mais caro devido ao difícil acesso, a economia anual pode chegar a milhares de reais — especialmente para pescadores que dependem da atividade para sobreviver.
Potência e autonomia
Equivalente a motores entre 12 e 15 HP, o modelo elétrico promete entregar a mesma força dos motores tradicionais. Com uma bateria, a autonomia média é de quatro horas, podendo dobrar com o uso de duas baterias conectadas ao sistema.
Para quem vive em áreas isoladas, a recarga pode ser feita com energia solar. Pequenos sistemas off-grid permitem carregar as baterias sem deslocamento até postos de combustível, aumentando a segurança e reduzindo gastos.
Estrutura do sistema
O kit completo inclui a bateria, o motor e a central de comando — responsável por aceleração, direção e ajuste de marcha. A instalação é simples e semelhante à de um motor a combustão, podendo ser usada tanto em rabeta quanto acoplada diretamente à popa da embarcação.
Moura explica que novas adaptações estão em desenvolvimento, como hélices específicas para rabeta e ajustes no calado para enfrentar o período de vazante nos rios.
Impacto na vida dos ribeirinhos
Para trabalhadores como Vilmar Pereira da Silva, pescador de Careiro da Várzea, o motor elétrico representa uma mudança significativa na rotina. Ele afirma que, em períodos de pesca mais distante, o gasto com gasolina chega a 50 litros por semana. “Com um motor elétrico, ninguém vai gastar com gasolina. Dá até mais ânimo pra trabalhar”, diz.
A Livoltek iniciou o projeto piloto com 20 motores entregues a pescadores da região, dentro do Projeto Pixundé, que deve beneficiar 60 famílias em parceria com o Instituto Somar.
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