Sem BC, dólar perde força e cai 0,87%, a R$ 3,51
SÃO PAULO – O dólar comercial voltou a perder força, com o segundo dia consecutivo sem atuação do Banco Central. Às 14h18, a moeda americana era cotada a R$ 3,508 na compra e a R$ 3,510 na venda, queda de 0,87% ante o real. A divisa chegou a abrir em alta, refletindo o rebaixamento da nota do Brasil para BB pela agência de classificação de risco Fitch. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) registrava desvalorização de 0,22%, aos 51.557 pontos.
Na primeira hora de negócios, a moeda chegou a operar em alta, refletindo os dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos. No entanto, logo depois, houve o entendimento de que houve um enfraquecimento dos números, com a taxa de desemprego ficando estável em 5% e menor geração das vagas de trabalho. No exterior, o “dollar index”, calculado pela Bloomberg, está praticamente estável, com leve queda de 0,13%.
— A economia americana mostrou sinais de desaceleração, o que pode levar o Federal Reserve (Fed, o bc americano) a demorar mais para subir os juros. Isso faz o dólar perder força. Internamente, houve a aceleração do IPCA, que influencia o dólar. Uma inflação mais alta vai adiar a queda da Selic e os estrangeiros se sentem atraídos a investir em renda fixa no Brasil — avaliou Paulo Eduardo Nogueira Gomes, economista-chefe Azimut Brasil.
Pela manhã, o IBGE divulgou que a inflação oficial do país, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi de 0,615 em abril, ante 0,43% em março.
Os investidores também estão de olho nas consequências do afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e na sessão da comissão especial do impeachment no Senado, que vota o relatório de admissibilidade do impedimento da presidente Dilma Rousseff. “No mercado de câmbio, registre-se que pelo segundo dia seguido, o Banco Central não ofertou contratos de swaps reverso (que possuem efeito de compra da moeda no mercado futuro), o que evidencia a estratégia da autoridade monetária na defesa do patamar de R$ 3,50 para o dólar”, explicou, em relatório a clientes, Ricardo Gomes da Silva, superintendente da Correparti Corretora de Câmbio.
VALE SE RECUPERA
Na Bolsa, o índice de referência Ibovespa opera em queda mesmo com a alta das ações da Vale e Petrobras. A mineradora chegou a operar em queda no início do pregão. As ações preferenciais (PNs, sem direito a voto) da mineradora sobem 2,71% e os ordinários (ONs, com direito a voto) registram valorização 1,98%. A queda na abertura dos negócios foi causada pelo recuo de 3,25% do minério de ferro no porto de Qingdao, na China, a US$ 58,29 a tonelada.
No caso da Petrobras, a alta é de 2,54%, nas preferenciais, cotadas a R$ 10,06, e de 2,837% nas ordinárias, a R$ 12,94. O petróleo do tipo Brent tem alta de 1,18%, a US$ 45,54 o barril.
No entanto o setor bancário, de maior peso na composição do Ibovespa, registra queda. As ações preferenciais do Itaú Unibanco e do Bradesco recuam, respectivamente, 0,62% e 0,47%.
No exterior, pesa uma maior aversão ao risco, causada não só pelos dados mais fracos da economia americana, mas também com o temor de uma desaceleração mais forte na China. Na Europa, o DAX, de Frankfurt, fechou em leve alta de 0,18%, e o CAC 40, da Bolsa de Paris, recuou 0,42%. O FTSE 100, de Londres, teve pequena alta de 0,14%. Nos Estados Unidos, o Dow Jones sobe 0,15% e o S&P 500 cai 0,27%.
