Governo Lula deveria investir R$ 300 milhões na Embrapa para manter pesquisa agronômica viva no Brasil
Brasil – A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), uma instituição que tem sido sinônimo de inovação e avanço na agricultura brasileira, encontra-se em uma encruzilhada. Com uma história rica e inspiradora, a Embrapa enfrenta hoje uma crise que poderia colocar em risco todo o legado construído desde a década de 1960. A análise é do engenheiro agronomo Xico Graziano.
A narrativa de José Pastore, um dos pioneiros por trás da criação da Embrapa, é um testemunho da visão original de criar um centro de excelência em pesquisa agronômica no Brasil. Inspirado por luminárias como Theodore Schultz e Norman Borlaug, Pastore e um grupo de inteligentes pesquisadores brasileiros, com apoio de figuras políticas como Cirne Lima e Delfim Netto, lançaram as bases para o que seria uma das instituições de pesquisa agrícola mais respeitadas do mundo.
No entanto, o tempo passou, e com ele, os desafios se multiplicaram. Desde 2014, o orçamento da Embrapa foi reduzido drasticamente, chegando a uma queda de 80% até 2024. Isso resultou em dívidas significativas, com a instituição fechando o ano passado com um déficit de R$ 200 milhões, lutando para manter operações básicas como pagamento de serviços essenciais.
O cenário atual exige uma intervenção urgente. É imperativo que o governo Lula considere um investimento de R$ 300 milhões na Embrapa. Este valor, embora pareça expressivo, é modesto quando comparado aos bilhões destinados a outras áreas menos estratégicas. A injeção deste recurso não é apenas uma questão de sobrevivência, mas de adaptação ao novo mundo tecnológico. A Embrapa precisa ser reinventada para enfrentar os desafios da inteligência artificial, da sustentabilidade e da gestão moderna de pesquisa científica.
Este investimento poderia servir como um ponto de partida para revitalizar a Embrapa, garantindo que ela continue sendo uma referência global em pesquisa agronômica. A formação de capital humano, que foi a chave do sucesso inicial da Embrapa, deve ser novamente priorizada, adaptando-se às novas realidades educacionais e tecnológicas.
O apelo aqui não é apenas por recursos financeiros, mas por um compromisso com o futuro do agronegócio brasileiro. A Embrapa, se devidamente apoiada, pode continuar a transformar a agricultura do país, contribuindo para a segurança alimentar e o desenvolvimento econômico sustentável.
É hora de o governo Lula reconhecer a Embrapa não só como um legado do passado, mas como uma necessidade vital para o futuro do Brasil. Investir R$ 300 milhões na Embrapa é investir na própria capacidade do país de inovar, sustentar e crescer em um mundo cada vez mais competitivo e tecnológico.