Expansão do crédito diminui na China após alerta sobre dívidas
PEQUIM – O indicador mais amplo de novos créditos da China subiu menos que o esperado no mês passado, sugerindo que o Banco Central está começando a conter a onda de empréstimos em meio aos alertas das autoridades sobre possíveis efeitos colaterais do frenesi de dívidas.
O financiamento agregado foi de 751 bilhões de yuans (US$ 115 bilhões) em abril, disse o Banco Popular da China, abaixo de todas as 26 projeções dos analistas de uma pesquisa da Bloomberg. Os novos empréstimos em yuans somaram 555,6 bilhões de yuans, contra a mediana de estimativas de 800 bilhões de yuans.
Após um fluxo recorde de crédito no primeiro trimestre, o Banco Central atualmente está evitando impulsionar o crescimento a todo custo. O “People’s Daily”, jornal do Partido Comunista chinês, publicou uma entrevista na segunda-feira com uma “autoridade” não identificada que disse que a segunda maior economia do mundo precisa enfrentar seus empréstimos inadimplentes e outros riscos associados ao aumento dos níveis de dívida.
— O Banco Central começou a repensar e está se contendo após injetar muita liquidez no primeiro trimestre — disse Shen Jianguang, economista-chefe para a Ásia da Mizuho Securities Asia em Hong Kong, em referência ao artigo do “People’s Daily”. — Eu esperava uma mudança na política monetária, mas não que viesse tão cedo.
OFERTA EM DINHEIRO
A oferta de dinheiro M2 (Medida Ampla de Oferta Monetária) da China aumentou 12,8% em relação ao ano anterior, disse o BC chinês, contra um ganho de 13,5% projetado pelos economistas e uma alta de 13,4% em março.
Os empréstimos em moeda estrangeira caíram porque as empresas continuaram pagando os empréstimos internacionais e a emissão de títulos corporativos diminuiu, segundo dados da autarquia.
Após a divulgação dos dados sobre empréstimos de sexta-feira, os indicadores a serem divulgados no sábado serão avaliados de perto para entender se a economia manteve o impulso em abril — mesmo sem o estímulo do aumento de crédito — ou se o avanço de março perdeu força depois que os novos empréstimos secaram.
A produção industrial deverá subir 6,5% em abril em relação ao ano anterior, segundo uma pesquisa da Bloomberg com economistas, desta sexta-feira. Isso marcaria uma moderação em relação a março, quando as fábricas tiraram proveito do salto após o feriado do ano-novo chinês, mas ainda seria mais forte que a maior parte das leituras de 2015.
A previsão é que as vendas do varejo aumentem 10,6% em abril em relação ao ano anterior. Isso aumentaria as evidências — incluindo um aumento de 39% nas receitas do Alibaba no trimestre de março — de que os consumidores chineses continuam sendo um pilar de força da economia.
O investimento em ativos fixos deverá subir 11% no período de janeiro a abril em relação ao ano anterior porque os estímulos continuam passando pela economia.