Dólar cai para R$ 5,27 e Bolsa brasileira bate novo recorde histórico
Brasil – O mercado financeiro brasileiro reagiu em forte alta nesta terça-feira (23/9), embalado por notícias vindas de Nova York. O dólar caiu 1,10% frente ao real, cotado a R$ 5,27, no menor nível desde 3 de junho de 2024. Já o Ibovespa, principal índice da B3, avançou 0,91% e fechou aos 146.424,94 pontos, cravando o oitavo recorde histórico desde julho.
O gatilho do movimento foi político. Em discurso na Assembleia Geral da ONU, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que se reunirá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na próxima semana. A notícia surpreendeu investidores, que acompanhavam com cautela o aumento das tensões entre Brasil e EUA, marcadas por tarifas de 50% impostas a exportações brasileiras e pela reação americana à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo STF.
Trump relatou ter tido “excelente química” com Lula em uma breve conversa nos bastidores da ONU, gesto que reduziu a percepção de risco diplomático e abriu espaço para fluxo comprador em ativos brasileiros.
Copom e juros ainda no radar
Pela manhã, o foco do mercado estava na ata do Comitê de Política Monetária (Copom). O documento reforçou que a Selic seguirá em 15% por período prolongado, afastando cortes no curto prazo. Segundo José Áureo Viana, da Blue3 Investimentos, o tom duro do BC manteve juros futuros elevados, o que pressionou o consumo e o varejo.
Mesmo assim, após as declarações de Trump, houve virada: os juros futuros recuaram e ações de bancos passaram a subir, beneficiadas por perspectivas melhores para crédito.
Commodities puxam ganhos
A valorização do minério de ferro impulsionou papéis da Vale e de siderúrgicas, enquanto a alta moderada do petróleo no exterior ajudou companhias do setor a avançar. A combinação de dólar mais fraco e melhora no ambiente político-diplomático trouxe fôlego extra para o índice.
Fatores externos
O alívio também veio de fora. Dados preliminares da S&P Global mostraram queda do PMI composto nos EUA, de 54,6 em agosto para 53,6 em setembro, no menor nível em três meses. O resultado derrubou os juros dos Treasuries e enfraqueceu o dólar no mercado global, fortalecendo moedas emergentes como o real.
Para Bruno Shahini, da Nomad, a soma de indicadores econômicos mais fracos nos EUA e o tom cordial entre Lula e Trump criou ambiente favorável. “Esse cenário reforça o apetite por ativos brasileiros e ajuda a explicar os recordes do Ibovespa”, afirma.


