Bovespa salta 3,8% e dólar cai a R$ 3,62 com parecer de Janot sobre Lula
RIO – A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) salta 3,77% nesta sexta-feira, aos 50.328 pontos, e o dólar recua 1,86%, a R$ 3,624, com os investidores reagindo ao noticiário político. A notícia que movimenta o pregão é de quinta-feira à noite, quando parecer assinado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse que houve desvio de finalidade na decisão da presidente Dilma Rousseff de nomear seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, para chefiar a Casa Civil. O procurador afirmou que a atuação da presidente serviu para “tumultuar” as investigações. Na avaliação dos analistas, a decisão de Janot, ao afastar Lula do governo, enfraquece as tentativas de Dilma de fugir do impeachment.
As principais ações da Bovespa disparam. A Petrobras ON salta 6,63% (R$ 10,60), enquanto a Petrobras PN sobe 7,27% (R$ 8,27). Na Vale, a ordinária tem alta de 7,52% (R$ 16,14), e a PNA valoriza-se em 7,02% (R$ 12,04). Entre os bancos, o Banco do Brasil ON sobe 7,36% (R$ 20,12), e o Bradesco PN ganha 5,47% (R$ 27,55). O Itaú Unibanco PN valoriza-se em 6,37% (R$ 31,73).
Na ponta oposta do pregão estão as empresas exportadoras, que são prejudicadas pelo dólar mais fraco. A JBS ON cai 4,90% (R$ 9,70), enquanto a produtora de celulose Fibria cai 3,53% (R$ 29,16). As concorrentes Klabin e Suzano caem 3,08% (R$ 16,96) e 1,94% (R$ 11,08), respectivamente.
— A notícia de maior impacto para o mercado foi mesmo a do Janot. Seu parecer abre um espaço grande para discutir se a Dilma cometeu ou não uma improbidade administrativa, o que pode abrir espaço para investigá-la. O Lula é também o principal articulador político do governo, logo isso prejudica a articulação do governo contra o impeachment — disse Hersz Ferman, da Elite Corretora.
O ambiente externo também ajuda o comportamento do mercado brasileiro. As Bolsas europeias operam em alta, com o índice de referência Euro Stoxx 50 subindo 1,37%, enquanto a Bolsa de Londres sobe 0,89%. Em Paris, o pregão avança 1,17%, e em Frankfurt, 1,19%. Já o dólar recua 0,32% em nível global contra uma cesta de dez divisas, segundo o índice Dollar Spot.
Na agenda doméstica, também ajuda no ânimo dos investidores o fato de a inflação oficial ter desacelerado mais que o previsto em março, para 0,43%, contra o 0,90% registrado em fevereiro. No mesmo mês de 2015, a taxa ficou em 1,32%. Em 12 meses, a inflação acumulada é de 9,39%. No ano, é de 2,62%. O resultado para o mês é o menor desde 2012, quando ficou em 0,21%.