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Atores de publicidade entram hoje em greve no Rio

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Atores profissionais que trabalham em publicidade no Rio de Janeiro decidiram entrar em greve por tempo indeterminado a partir desta segunda-feira. O objetivo é que as produtoras responsáveis pela contratação de artistas para propagandas se reúnam com o Sindicato para negociar melhores condições de trabalho. A mobilização foi aprovada por unanimidade em uma assembleia realizada em 28 de março na sede do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão do Rio de Janeiro (Sated/RJ). Entre as reivindicações dos atores, estão o estabelecimento de uma tabela com cachês mínimos, divididos de acordo com o tipo de anúncio feito, além de diminuição do número de profissionais convocados para cada teste e o cumprimento de um tempo máximo de espera.

Segundo organizadores do movimento, o mercado publicitário paulistano é muito mais organizado do que o carioca. Em 2003, durante um fórum de profissionais da área, as partes conversaram e estabeleceram regras que vêm sendo cumpridas desde então. Porém, no Rio, o profissionalismo nunca “pegou”. Atores procurados pelo GLOBO relatam diversas situações de desrespeito no ambiente de trabalho: um já esperou por quase oito horas até conseguir ser recebido pela equipe de filmagem. Outro, ao ser convidado por uma agência de São Paulo para participar de uma audição, foi orientado a “canetar” o termo de compromisso, ou seja, riscar o pré-contrato assinado quando se comparece a um teste e mudar o valor a ser pago em caso de aprovação. Segundo o relato, a agência informou que, para o casting realizado no Rio, o cachê seria de R$ 5 mil, enquanto que, em São Paulo, o pagamento para o mesmo trabalho era de R$ 12 mil.

Outra batalha se refere ao pagamento do chamado “cachê teste”, uma remuneração pelo deslocamento, tempo dispendido e trabalho dos atores que comparecem às chamadas de elenco. Em São Paulo, é praxe que cada ator receba uma remuneração de R$ 80, que é paga também caso o tempo de espera ultrapasse duas horas. Aqui, entretanto, é muito comum que não se pague nada. E quando há cachê teste, ele não passa de R$ 30, o que também estimula produtoras a convocar um número muito mais alto de profissionais para cada audição: enquanto testes paulistanos não costumam receber mais do que 50 profissionais, no Rio o número costuma ultrapassar os 150. O movimento grevista quer que as condições de trabalho nas duas maiores metrópoles do país sejam equiparadas.

Procurado pela reportagem, o presidente regional da Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais(Apro), Antonio Carlos Accioly, disse que o mercado no Rio de Janeiro vem se contraindo cada vez mais, dando como exemplo o fechamento das sucursais de grandes agências como África, DM9 e F/Nazca. Além disso, ele se colocou contra a equiparação entre os valores praticados porque os custos de cada cidade seriam diferentes. Accioly também reclamou de não ter sido chamado para negociar com a categoria, fato contestado pela advogada Lívia Parente, da assessoria jurídica do Sated/RJ. Ela enviou ao GLOBO comprovantes de que convidou quatro diferentes entidades patronais para participar das negociações: ABA, ABAP, Sinapro e Apro. Com relação à última, deve-se ressaltar que o e-mail foi enviado à direção nacional da entidade, localizada em São Paulo.

A Associação Brasileira de Anunciantes(ABA) informou que estava em processo eleitoral, portanto não poderia comentar. A Associação Brasileira de Agências de Publicidade (ABAP) e o Sindicato das Agências de Propaganda do Rio de Janeiro (Sinapro) possuem a mesma assessoria jurídica. O advogado João Luiz Faria Netto, em nome de ambas, informou que esteve presente em uma reunião com o Sated, porém afirmou que as agências de publicidade não são responsáveis pela contratação de atores e, portanto, não podem interferir nas negociações.

O presidente do Conselho da Apro, Paulo Roberto Schmidt, diz que a associação tem notado uma diminuição da publicidade, porém há um aumento de conteúdos nacionais feitos por produtores independentes, o que mudou o panorama do mercado:

— A publicidade mundial, e particularmente no Brasil, vem sofrendo transformações radicais. As marcas buscam outras formas de comunicação, através do digital e do branded content, além da pulverização dos investimentos em inúmeras plataformas e telas. Como consequência desta evolução e, também de mudanças tecnológicas, há uma enorme concentração dos anunciantes em filmes publicitários de varejo e produtos, não priorizando institucionais e construção de marcas, igualmente afetados pela retração econômica do Brasil nos últimos anos. É fato que os orçamentos de produção publicitária tem diminuído de forma absoluta.

Sobre a greve dos atores, Schmidt disse que a negociação deveria ser feita pelo Sindicato da Indústria Audiovisual (Sicav). O GLOBO tentou contato com o Sicav, mas a pessoa responsável estaria indisponível até o fechamento desta reportagem. A advogada do Sated, entretanto, afirma que o Sicav já foi acionado anteriormente em negociações com dubladores, e que a entidade não responde por contratos na área publicitária.


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