Zohran Mamdani faz história ao ser eleito primeiro prefeito muçulmano de Nova York
Mundo – A maior cidade dos Estados Unidos tem um novo rosto no comando. Zohran Mamdani, de 33 anos, nasceu em Kampala, capital de Uganda, e acaba de ser eleito prefeito de Nova York, tornando-se o primeiro muçulmano, o primeiro africano de nascimento e o mais jovem prefeito da cidade desde 1892. Sua vitória, anunciada na noite de terça-feira (5 de novembro), é considerada um marco político e simbólico para a esquerda americana.
Mamdani entrou na disputa praticamente como um desconhecido. Sem o apoio do Partido Democrata e com poucos recursos, ele superou nomes de peso como o ex-governador Andrew Cuomo, que concorria como independente, e o republicano Curtis Sliwa. Sua ascensão rápida transformou a eleição municipal em um dos eventos políticos mais comentados do país.
Carismático, conectado às redes sociais e defensor de causas progressistas, Mamdani simboliza a nova geração de políticos de esquerda que emergem no Partido Democrata. Durante a campanha, defendeu creches gratuitas, transporte público acessível e maior intervenção estatal em setores dominados pelo livre mercado. Sua postura crítica às elites empresariais de Manhattan e à política tradicional nova-iorquina o aproximou dos eleitores da classe trabalhadora.
Filho de pais indianos, Mamdani chegou aos Estados Unidos aos sete anos. Em 2021, foi eleito deputado estadual pelo Queens e ganhou projeção nacional por suas posições firmes. Ele se define como socialista democrático, corrente que compartilha com figuras como Bernie Sanders e Alexandria Ocasio-Cortez, e defende a taxação de milionários para financiar programas sociais.
Mesmo antes de assumir, Mamdani já enfrenta resistências. A governadora de Nova York, Kathy Hochul, também democrata, rejeitou a ideia de aumentar impostos para bancar sua plataforma. Analistas apontam que ele terá de equilibrar promessas ambiciosas com os limites administrativos do cargo, além de lidar com a poderosa elite empresarial nova-iorquina, alvo frequente de suas críticas.
Em política externa, o novo prefeito também atraiu controvérsia. Ele condenou publicamente a conduta de Israel na guerra em Gaza e chegou a afirmar que prenderia o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu caso ele pisasse em Nova York, uma declaração que promete gerar atritos diplomáticos.
Enquanto isso, republicanos, liderados pelo ex-presidente Donald Trump, tentam retratá-lo como símbolo da “ameaça socialista” dentro do Partido Democrata. A expectativa é que qualquer erro em sua gestão seja amplamente explorado por adversários nacionais.
Para Mamdani, porém, o desafio imediato é definir sua imagem antes que outros o façam. Embora tenha ganhado atenção nacional, ele ainda é um nome pouco conhecido fora de Nova York — uma pesquisa da CBS mostrou que quase metade dos americanos não acompanhou a eleição.
A vitória de Mamdani se soma a um bom desempenho democrata em outros estados. Em Nova Jersey e Virgínia, candidatos de centro e de esquerda venceram as eleições para governador, sinalizando que o partido continua competitivo, mesmo em um cenário de polarização crescente.
Ao discursar para apoiadores, Mamdani afirmou que há espaço no Partido Democrata para diferentes correntes. “O que nos une é a quem lutamos para servir, e esse alguém são os trabalhadores”, disse.
Em janeiro, quando tomar posse, o jovem prefeito terá a chance de transformar suas promessas em governo, e de mostrar se a nova esquerda americana é capaz de administrar com o mesmo entusiasmo com que vence nas urnas.



