Wilker Barreto denuncia e os deputados silenciam: escândalo do contrato sem licitação de R$ 196 milhões na Saúde do Amazonas
Amazonas – O deputado estadual Wilker Barreto voltou a levantar a voz contra mais um escândalo envolvendo a gestão da saúde pública do Amazonas. Desta vez, a denúncia diz respeito a um contrato de R$ 196 milhões, firmado sem licitação com a Empresa de Tecnologia da Informação do Estado do Piauí (ETIPI), para prestação de serviços de Telessaúde à Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM). A revelação partiu do próprio parlamentar e já é alvo de investigação do Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM).
O MPAM, por meio da 79ª Promotoria de Justiça Especializada na Proteção do Patrimônio Público, instaurou um Procedimento Administrativo (PA) para acompanhar a execução do Contrato nº 001/2025, no valor de R$ 196.489.860,00. A medida foi publicada na edição desta segunda-feira (4/8) do Diário Oficial do Ministério Público, por meio da Portaria nº 0023.2025.79, assinada pelo promotor de Justiça Hilton Serra Viana.
O procedimento tem origem na Notícia de Fato nº 01.2025.00001839-5, instaurada após representação formal feita por Wilker Barreto, que questionou a legalidade da contratação emergencial da ETIPI, sem licitação, para um serviço estratégico e de grande impacto financeiro para os cofres públicos do Estado.
Barreto, conhecido por ser uma das poucas vozes independentes na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), tem um histórico de combate à corrupção e à má gestão dos recursos públicos. Ao longo dos últimos anos, ele tem denunciado sistematicamente a ausência de planejamento, a precariedade dos serviços e os contratos milionários firmados sob suspeita de irregularidades — especialmente na área da saúde.
“É inadmissível que, com tanta carência nos hospitais e sofrimento do nosso povo, o governo continue fazendo contratos milionários sem concorrência pública. Isso é brincar com a dor do povo”, criticou Wilker durante pronunciamento.
Enquanto isso, silêncio ensurdecedor
O que chama atenção neste novo capítulo do descaso com a saúde no Amazonas é o silêncio cúmplice da maioria dos deputados estaduais. Em vez de se unirem para cobrar respostas do governador Wilson Lima e exigir transparência nos contratos públicos, os parlamentares da base preferiram olhar para outro lado — e alguns, sequer se manifestaram.
Esse silêncio se torna ainda mais grave diante da situação caótica que a população enfrenta: superlotação nos hospitais, falta de profissionais de saúde, ambulâncias sucateadas e mortes evitáveis causadas pela ineficiência do sistema público. O povo sofre — e os representantes eleitos permanecem omissos.
CPI do Asfalto: desvio de foco?
Como se não bastasse ignorarem um contrato suspeito de quase R$ 200 milhões, os deputados estaduais decidiram abrir uma CPI para investigar o asfaltamento em Manaus — uma responsabilidade que, constitucionalmente, cabe à Prefeitura e não ao Governo do Estado. A iniciativa soa como uma tentativa de desviar a atenção dos reais problemas que afetam diretamente a população amazonense.
“O povo quer saber por que não tem médico, por que não tem remédio, por que continuam morrendo pessoas por falta de atendimento. A CPI do Asfalto é só mais uma cortina de fumaça para esconder o que realmente importa”, disparou Wilker.
Falta de coragem e excesso de conveniência
A falta de ação da Aleam é, na prática, um atestado de omissão. Onde estavam esses deputados quando faltava ambulância para salvar vidas? Onde estavam quando mães enterravam seus filhos vítimas de negligência no sistema de saúde? Onde estavam quando policiais morriam por falta de equipamentos e suporte?
A CPI que a Assembleia criou pode até gerar manchetes, mas não resolverá o colapso da saúde pública, nem a insegurança, nem o déficit na educação. E muito menos responderá pelos R$ 196 milhões contratados sem licitação.
Hora de cobrar os verdadeiros responsáveis
A postura de Wilker Barreto — de denúncia, cobrança e fiscalização — contrasta com a inércia de grande parte dos parlamentares da Casa. O povo do Amazonas precisa, mais do que nunca, de representantes que tenham compromisso com a verdade, com o interesse público e com a responsabilidade fiscal.
Chegou a hora de cobrar quem tem mandato. Chega de silêncio. Chega de conveniência. O Amazonas precisa de respostas, não de distrações.