Trump revoga status temporário de 530 mil cubanos, venezuelanos e haitianos
Amazonas – O governo de Donald Trump deu mais um passo em sua ofensiva contra a imigração ao revogar, nesta sexta-feira (21), o status legal temporário de 530 mil migrantes de Venezuela, Cuba, Haiti e Nicarágua que vivem nos Estados Unidos. A medida, publicada no Registro Federal – equivalente ao Diário Oficial da União –, entrará em vigor a partir de 24 de abril e marca o fim de um programa de proteção implementado durante a gestão de Joe Biden. Com isso, milhares de pessoas que fugiram de crises políticas e humanitárias em seus países agora enfrentam o risco iminente de deportação, intensificando o clima de tensão na política migratória americana.
A decisão é parte de uma série de ações duras adotadas por Trump desde seu retorno à Casa Branca, em janeiro deste ano. O programa revogado, conhecido como “humanitarian parole”, foi lançado por Biden em 2022 para venezuelanos e ampliado em 2023 para incluir cubanos, haitianos e nicaraguenses. Ele permitia a entrada legal nos EUA por via aérea, desde que os migrantes tivessem patrocinadores no país, oferecendo uma alternativa à travessia irregular pela fronteira. Durante seu mandato, Biden usou o mecanismo para acolher cerca de 1 milhão de pessoas de nações em crise, como parte de uma estratégia para gerenciar os altos níveis de imigração irregular. Agora, Trump enterra essa política, cumprindo uma de suas principais promessas de campanha: intensificar o controle migratório.
A revogação não é um fato isolado. No início de fevereiro, outros 300 mil venezuelanos já haviam perdido proteções temporárias semelhantes, sinalizando a determinação do governo republicano em desmantelar os programas de Biden. Desde o início de seu segundo mandato, Trump assinou decretos para restringir entradas na fronteira sul, anunciou deportações em massa e autorizou o uso da prisão de Guantánamo para deter migrantes irregulares. A Casa Branca também enfrenta embates judiciais: no último fim de semana, voos de deportação foram realizados apesar de uma liminar da Justiça Federal que os bloqueava, o que levou o juiz James Boasberg, de Washington, a repreender o governo por “linguagem desrespeitosa” em documentos oficiais e a exigir explicações até a próxima terça-feira (25).
Para os 530 mil afetados pela medida desta sexta, o futuro é incerto. Muitos deixaram seus países em busca de segurança e estabilidade, fugindo de regimes autoritários como o de Nicolás Maduro, na Venezuela, ou de colapsos econômicos e sociais, como no Haiti. Sem o status temporário, que garantia permissão de trabalho e proteção contra deportação, essas pessoas terão até o fim de abril para regularizar sua situação – uma tarefa quase impossível diante das restrições atuais – ou enfrentar a remoção forçada. Organizações de direitos humanos já prometem resistência legal, mas o cenário é desafiador em um governo que fez da imigração sua bandeira central.