“Sugando da Educação”: empresa BC Sobrinho recebeu mais de R$ 16 milhões do governo Wilson Lima; veja
Amazonas – Em um cenário de crise educacional — no qual o Amazonas amargou o último lugar no ranking do ENEM 2025 —, a gestão do governador Wilson Lima (União Brasil) destinou uma cifra impressionante a uma única empresa: R$ 16.388.037,47. Esse é o montante total pago à B.C. Sobrinho Ltda. entre 2021 e 2025 , segundo levantamento do CM7 Brasil no portal da Transparência.
A empresa, pertencente aos empresários Bruno César Sobrinho e Carlos André Sobrinho , que atua com contratos variados, desde manutenção de áreas verdes até a organização de eventos, rapidamente se tornou uma das mais bem pagas pelo Estado.
Os relatórios de pagamentos mostram que os repasses à B.C. Sobrinho cresceram de maneira vertiginosa a partir de 2024, após um período de pagamentos menores:
2021: R$ 2.183.370,60
2022: R$ 1.569.516,47
2023: R$ 572.091,15
2024: R$ 5.030.665,28
2025: R$ 6.932.393,97
A análise do fluxo financeiro revela uma clara mudança de prioridade: quase 73% (R$ 11,96 milhões) do total foi desembolsado nos anos eleitoralmente sensíveis de 2024 e 2025.
A Prioridade em Eventos
O motor por trás desse crescimento explosivo foi a Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar (Seduc-AM). A pasta, que já foi liderada por Kuka Chaves e hoje está sob o comando de Arlete Mendonça, concentrou os maiores pagamentos nos últimos dois anos:
A Seduc-AM foi responsável por injetar R$ 10.575.392,50 na B.C. Sobrinho apenas nos anos de 2024 e 2025. O valor representa mais de 64% de todo o montante pago à empresa no período de cinco anos. Em 2024, o pagamento da Seduc foi de R$ 3.643.008,53 , valor que saltou para R$ 6.932.393,97 em 2025.
Os pagamentos milionários da Seduc-AM coincidem com o período em que a secretaria priorizou a concentração de gastos em eventos de grande porte, como os Jogos Escolares do Amazonas (JEA’s), Paralimpíadas Escolares e Jogos da Juventude. Críticos apontam que esses eventos, embora possuam forte apelo político, oferecem pouca relevância pedagógica, desviando recursos que poderiam ser aplicados na melhoria urgente da qualidade do ensino.
Quem mais pagou para a BC Sobrinho?
Embora a Seduc-AM domine os pagamentos nos últimos dois anos, a B.C. Sobrinho recebeu recursos de diversos outros órgãos estaduais ao longo do período analisado, confirmando sua amplitude de contratos no Governo do Amazonas:
A FUNDAÇÃO DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO ESTADO DO AMAZONAS pagou R$ 1.717.069,80 em 2021 e R$ 496.139,52 em 2022, totalizando R$ 2.213.209,32.
A FUNDAÇÃO AMAZONAS DE ALTO RENDIMENTO pagou R$ 450.550,80 em 2021 , R$ 753.606,95 em 2022 e R$ 572.091,15 em 2023, totalizando R$ 1.776.248,90.
O FUNDO ESTADUAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL pagou R$ 1.387.656,75 em 2024.
A FUNDAÇÃO ESTADUAL DO INDIO pagou R$ 15.750,00 em 2021 e R$ 319.770,00 em 2022, totalizando R$ 335.520,00.
O CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO AMAZONAS pagou R$ 3.162,00 em 2022, referente a pagamentos de exercício anterior.
O paradoxo é claro: o dinheiro público está sendo direcionado em larga escala para contratos de eventos e manutenção, em vez de ser investido em infraestrutura escolar, formação de professores ou material didático. Os dados do Portal da Transparência mostram um Estado que paga milhões para a organização de eventos esportivos, mas falha em oferecer educação de qualidade aos seus jovens.
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