Sob comando de Roberto Cidade, ALEAM já pagou mais de R$ 3 milhões em aluguel de veículos só nos últimos três meses
Amazonas – A Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), presidida pelo deputado estadual Roberto Cidade (União Brasil), já desembolsou mais de R$ 3,2 milhões em pagamentos para aluguel de veículos entre fevereiro e maio deste ano. Os dados constam no Portal da Transparência do Legislativo estadual e envolvem a empresa ACB Locadora de Veículos Ltda, contratada por meio do terceiro termo aditivo do contrato nº 01/2022.
Segundo os registros públicos, a ACB recebeu os seguintes repasses:
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04/02/2025 – R$ 661.039,29
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07/02/2025 – R$ 661.039,29
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10/03/2025 – R$ 44.798,00
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10/03/2025 – R$ 552.269,74
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24/04/2025 – R$ 661.039,29
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19/05/2025 – R$ 639.715,44
Veja:
Somados, os valores totalizam R$ 3.219.901,05, pouco menos da metade do montante previsto no contrato, que estipula um custo anual estimado de R$ 7.436.468,00. Os pagamentos mensais são fixados em R$ 676.042,55, conforme o cronograma oficial de desembolso.
Apesar dos altos valores envolvidos, o edital da licitação não detalha os modelos de veículos a serem fornecidos. A falta de transparência nesse aspecto levanta questionamentos, especialmente diante de registros anteriores em que a ACB entregou caminhonetes do tipo picape em contratos similares com a Aleam.
Histórico da empresa
Fundada em dezembro de 2007, a ACB Locadora de Veículos Ltda está sediada no bairro Alvorada, zona centro-oeste de Manaus, e tem como atividade principal a locação de automóveis sem motorista. A administração está sob responsabilidade dos sócios Alexandre Rodrigues Bergamasco e Alessandro Correa Bergamasco.
A empresa é velha conhecida da Aleam. Apenas nos dois anos anteriores, 2022 e 2023, a ACB recebeu, respectivamente, R$ 7.374.825,00 e R$ 7.809.978,00 dos cofres públicos, somando mais de R$ 15 milhões em contratos com o Legislativo estadual nesse período.
No entanto, o histórico da empresa não é isento de controvérsias. Em 2019, a ACB foi investigada pelo Ministério Público do Amazonas (MP-AM) por suspeita de participação em um esquema de corrupção relacionado à Prefeitura de Presidente Figueiredo. A empresa havia vencido uma licitação para locação de veículos, que posteriormente foi alvo de denúncias por suposto direcionamento, favorecimento indevido e ausência de provas da execução dos serviços contratados.
Durante as investigações, o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM) chegou a autorizar a quebra de sigilo telefônico de um deputado estadual e de outros agentes públicos e empresários. As apurações envolveram suspeitas de corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitação, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Transparência sob pressão
A repetição de contratos milionários com uma empresa já investigada e a falta de detalhes sobre os veículos locados pela Assembleia levantam novos questionamentos sobre os critérios adotados na contratação e sobre a real necessidade desses serviços para o funcionamento da Aleam.
Enquanto isso, os gastos seguem acumulando — e com eles, a pressão por mais transparência na aplicação dos recursos públicos no estado do Amazonas.








