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Sem licitação: governo Wilson Lima usa CADA para fechar contratos que ultrapassam R$ 13 milhões em plena crise fiscal

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Sem licitação: governo Wilson Lima usa CADA para fechar contratos que ultrapassam R$ 13 milhões em plena crise fiscal

Amazonas – O governo Wilson Lima voltou a provar que o discurso de austeridade, como o ‘caboclo’ diz, é apenas para “enganar besta”. Em plena contenção de despesas, com limitação de empenhos decretada pelo próprio governador e com áreas essenciais mergulhadas em cortes, atrasos e sucateamento, a Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE) autorizou mais de R$ 13,3 milhões em contratos sem licitação, todos direcionados à Companhia Amazonense de Desenvolvimento e Mobilização de Ativos (CADA), estatal comandada por Mércia Nogueira Monteiro e cada vez mais utilizada como rota facilitada para contratações milionárias.

As portarias publicadas no Diário Oficial de 1º de dezembro de 2025 mostram duas decisões assinadas pelo coordenador executivo da UGPE, Marcellus José Barroso Campêlo, que dispensam procedimento licitatório com base no inciso IX do art. 75 da Lei 14.133/2021. A justificativa é a mesma de sempre: a CADA é uma entidade pública legalmente habilitada a prestar serviços especializados. Na prática, o argumento virou um salvo-conduto para evitar concorrência, eliminar disputa de preços e concentrar contratos vultosos nas mãos de uma única estatal.

A primeira contratação é de R$ 5.376.380,00, destinada a serviços de assessoria para estruturar a concessão da Arena da Amazônia, Arena Amadeu Teixeira e Estádio Carlos Zamith. A segunda é ainda maior: R$ 7.983.500,00 para o suposto desenvolvimento de uma Parceria Público-Privada (PPP) voltada à ampliação e reestruturação do Programa Prato Cheio. Somados, os contratos chegam a um total impressionante de R$ 13.359.880,00, liberados justamente no momento em que o governo afirma que “não tem como aumentar gastos” em áreas essenciais para a população.

O contrato ligado ao Prato Cheio é o mais escandaloso. O programa foi a principal vitrine eleitoral de Wilson Lima e aparece com destaque em todas as suas campanhas, discursos e propagandas oficiais. Agora, ao autorizar um gasto milionário para “modernizar” o projeto, o governo reacende a suspeita de que a UGPE está sendo usada para fortalecer politicamente a maior bandeira publicitária do governador. Em vez de investimentos diretos na ponta — como ampliação real do atendimento, redução da fome ou modernização das cozinhas comunitárias — o Estado opta por gastar quase R$ 8 milhões apenas em consultoria.

Enquanto isso, setores cruciais enfrentam o abandono. Hospitais não têm especialistas suficientes, escolas lidam com cortes, repasses são atrasados, servidores sofrem com falta de estrutura e a população vive de promessas que não saem do papel. A contradição é gritante: o mesmo governo que alega incapacidade de ampliar serviços básicos consegue mobilizar milhões para análises teóricas, estudos técnicos e modelagens que, na maioria das vezes, nunca se transformam em resultado concreto para quem mais precisa.

A CADA, criada para auxiliar no desenvolvimento econômico e mobilização de ativos, tornou-se um instrumento recorrente para centralizar contratos sem licitação. Embora o mecanismo seja previsto em lei, seu uso constante e sempre direcionado ao mesmo órgão levanta dúvidas sérias sobre transparência, prioridades e, principalmente, economia real dos gastos públicos. Nada disso combina com o discurso de austeridade que Wilson Lima insiste em repetir em entrevistas, coletivas e redes sociais.

A sucessão desses contratos milionários expõe uma marca profunda da atual gestão: falta de rumo e escolhas desconectadas da realidade financeira do Amazonas. Em vez de priorizar políticas públicas essenciais, reforçar serviços na ponta e garantir que a população receba atendimento digno, o governo prioriza contratos caros, centralizados e distantes da vida real das pessoas. O Estado investe em consultorias antes mesmo de conseguir executar integralmente os projetos que já existem.

É mais um episódio que reforça o padrão do governo Wilson Lima: fala-se muito em responsabilidade fiscal, mas pratica-se uma gestão que gasta muito e corta justamente onde mais falta. A conta, como sempre, sobra para a população.



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