Saiba qual empresa recebeu, sem licitação, quase R$4 milhões do Governo do AM para realização de eventos
Manaus – A Secretaria de Estado do Desporto e Lazer (Sedel) tem sido alvo de críticas pela concentração de contratos milionários com uma única empresa, sempre firmados sem licitação. Documentos públicos mostram que a RLX Produção de Eventos Ltda., administrada por Gabriel Brasil Geraldo e criada em novembro de 2021, já recebeu quase R$ 4 milhões em apenas três anos, durante a gestão do Governador Wilson Lima.
Desde 2023, a RLX vem acumulando contratos sucessivos com a Sedel. Naquele ano, recebeu R$ 426,6 mil para organizar o Arena Record Beach Tennis. Em 2024, o valor saltou para R$ 2 milhões, divididos entre o Kart Record e a segunda edição do Arena Record Beach Tennis. Já em 2025, a empresa foi novamente contemplada: R$ 500 mil para o evento Bora Bike Manaus e mais R$ 1 milhão para o Arena Record Beach Tennis 2025. No total, R$ 3.926.600,05 saíram dos cofres estaduais — todos os contratos assinados por inexigibilidade de licitação, ou seja, sem concorrência pública.
As contratações seguem um padrão: eventos esportivos de alto custo e forte apelo midiático, mas com pouco impacto real no esporte de base ou no apoio a atletas locais. Internamente, a pasta é vista como instrumento de promoção política, com investimentos voltados a ações de visibilidade, enquanto federações esportivas e projetos comunitários enfrentam escassez de recursos.
Boa parte dos pagamentos foi autorizada durante a gestão de Jorge Oliveira, que deixou o comando da Sedel após críticas na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam). O advogado Diego Américo Costa Silva assumiu em seguida, mas herdou contratos já firmados e pouca autonomia administrativa. Fontes da própria secretaria relatam que os repasses permanecem direcionados aos mesmos grupos empresariais ligados a aliados do governo.
Com capital social de R$ 500 mil e sede em Manaus, a RLX Produção de Eventos tornou-se, em tempo recorde, uma das principais beneficiárias de recursos públicos da área esportiva. O caso levanta questionamentos sobre a falta de transparência, o uso político da Sedel e a repetição de favorecimentos que transformaram o esporte amazonense em uma vitrine de autopromoção do governo.
Veja documentos: