Rombo digital com a SEDUC: Governo Wilson Lima quer gastar mais de R$ 73 milhões com tecnologia que ninguém vê nas escolas
Manaus – Enquanto alunos encaram salas superlotadas, escolas sem manutenção e falta de merenda, o governo Wilson Lima prepara mais um pacote milionário para a área que, na prática, menos muda a vida dos estudantes: uma suposta “transformação digital”. A Seduc homologou dois contratos que juntos somam R$ 73.436.430,00, reforçando o que servidores já chamam de “rombo digital” – um abismo entre o dinheiro despejado em TI e a realidade miserável da educação amazonense.
Os contratos, aprovados com rapidez e pouca transparência, reacendem suspeitas sobre influência política, empresas com donos ocultos e um comando paralelo que continua mandando e desmandando dentro da secretaria, apesar de não ocupar oficialmente a cadeira de gestor.
R$ 52 milhões para uma “transformação digital” que só aparece no papel
A maior fatia do gasto, R$ 52.053.750,00, foi entregue à empresa Vint Global Tecnologia LTDA, vencedora do Pregão Eletrônico nº 662/2025. A empresa pertence a Nivea Santos de Almeida e à holding SCAF Holding SA, que adiciona uma camada de opacidade ao negócio, dificultando saber de quem é, de fato, a empresa que vai comandar a suposta modernização da Seduc.
No contrato, a Vint promete manutenção, otimização e desenvolvimento de sistemas personalizados. Na vida real, professores e alunos continuam sem laboratório, sem internet de qualidade e sem sequer ventiladores em muitas salas.
O discurso de “transformação digital” só cresce no papel; nas escolas, não aparece nada.
R$ 21 milhões para ponto eletrônico com sócios até no exterior
O segundo contrato, de R$ 21.382.680,00, foi conquistado pela XMarket Serviços de Aplicação e Hospedagem LTDA, por meio do Pregão Eletrônico nº 459/2025. A empresa, dona de sistemas de ponto eletrônico e locação de equipamentos, tem entre os sócios Andre Luiz Santos de Souza, Yoram Yaeli e a estrangeira DAY.IO Holdings Limited.
Mais uma empresa com estrutura societária nada simples, mais um contrato milionário, mais um pacote que promete modernizar a gestão da Seduc — mas que dificilmente vai melhorar a vida dos estudantes.
Enquanto isso, escolas continuam gerindo frequência e carga horária de forma manual e improvisada, porque o sistema nunca chega na ponta.
Prioridade invertida: milhões para TI, migalhas para o básico
Os quase R$ 73,5 milhões despejados nessas contratações contrastam com:
- escolas sem estrutura e com infiltrações;
- merenda insuficiente e repetitiva;
- transporte escolar falhando mês após mês;
- falta de vigilância, resultando em assaltos constantes;
- ausência de materiais básicos;
- resultados vergonhosos no Enem e avaliações nacionais.
É o governo Wilson Lima apostando pesado em TI sem entregar o básico: condições dignas de ensino.
Corporificações milionárias, resultados mínimos
Os contratos com a Vint Global e a XMarket reforçam a percepção de que o foco da Seduc não está em melhorar a educação, mas em turbinar o já conhecido circuito de empresas de tecnologia com sócios ocultos, holdings e conexões políticas.
Enquanto Wilson Lima fala em modernização, a realidade é que:
- alunos continuam estudando em condições precárias;
- professores seguem desmotivados e sem estrutura;
- a educação pública do Amazonas permanece entre as piores do país.
- O que muda, de fato, é apenas o valor dos contratos — sempre para cima.
A modernização que só moderniza os contratos
No fim, o “rombo digital” não passa de mais um capítulo da Seduc: muito dinheiro, pouca explicação e resultado zero nas escolas.
A tecnologia que o governo diz estar comprando simplesmente não aparece. Já o rombo no orçamento, esse aparece muito bem.
Confira os documentos abaixo:




