Roberto Cidade perde a chance de anunciar Alessandra Campelo como vice
Amazonas – O deputado Roberto Cidade (União Brasil), pré-candidato à Prefeitura de Manaus, anunciou oficialmente sua escolha para a vice-prefeitura: Coronel Menezes (Progressistas). O anúncio foi feito nesta terça-feira (30), em um evento realizado no bairro Adrianópolis, zona Centro-Sul da capital amazonense, que contou com a presença de apoiadores, líderes comunitários e a imprensa local.
Coronel Menezes, conhecido por sua expressiva votação em 2022 na disputa por uma vaga no Senado, trouxe consigo um histórico de apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro. Contudo, o cenário político mudou, e Bolsonaro agora apoia o rival de Menezes, Capitão Alberto Neto. A escolha de Menezes, segundo informações dos bastidores, foi uma estratégia de Cidade para capturar parte do eleitorado conservador de Manaus e impedir o crescimento da chapa rival formada por Alberto Neto (PL) e a renomada empresária Maria do Carmo (Novo).
Nesse contexto, a ausência de Alessandra Campelo, que é ligada à forte bandeira da inclusão feminina, como vice na chapa de Roberto Cidade representa uma oportunidade perdida, sobretudo porque a previsão é que outras chapas adversárias de destaque também terão vices mulheres. O anúncio apressado de Roberto Cidade para divulgar o nome de Menezes, apenas momentos antes da convenção de Amom Mandel (Cidadania), deu ainda mais destaque para a vice do rival, Nancy Segadilha (PSDB), que é uma mulher cadeirante e ativista PcD.
Neste caso, Alessandra Campelo, que é uma figura central na política local que luta há anos pela bandeira feminina seria a escolha “perfeita” para que o deputado do União Brasil não “ficasse para trás” em representatividade social. Além disso, a deputada estadual também é presidente regional do partido Podemos no Amazonas, que incorporou o PSC — antiga sigla do governador Wilson Lima —, e que reúne muitos aliados do governo estadual, fortalecendo a base do União Brasil.
Em um momento em que adversários estão escolhendo mulheres como suas vices, a exclusão de Alessandra Campelo da chapa de Roberto Cidade parece um erro estratégico. Sua ligação direta com a causa da representatividade feminina é um ativo valioso que não deveria ter sido negligenciado por razões eleitorais. A política não se faz apenas com números e dinheiro, mas cada vez mais com fidelidade aos valores e ideais.
Conhecida por seu trabalho no combate à violência contra as mulheres, na garantia de direitos e na promoção da participação feminina na política, Alessandra Campelo desempenha um papel crucial na conexão das políticas públicas da capital com o interior do Amazonas.
Além disso, a parlamentar é uma articuladora influente no grupo do governador Wilson Lima, tendo ajudado a crescer e fortalecer a militância de Roberto Cidade em todos os bairros de Manaus. Por isso também, nos bastidores o nome de Alessandra Campelo circulava como “praticamente certo” para ser vice de Cidade.
A decisão de Roberto Cidade de optar por Menezes em detrimento de Campelo pode custar caro à sua campanha. Alessandra Campelo, com sua forte atuação e reconhecimento, teria agregado não apenas votos, mas um comprometimento genuíno com as causas sociais e a inclusão, aspectos cada vez mais valorizados pelo eleitorado. A falta de visão ao deixar de lado uma líder tão significativa pode ser um ponto de inflexão nas eleições que se aproximam.
Sobre a deputada
Em seu terceiro mandato como deputada estadual, Alessandra Campêlo é natural de Manaus, formada em Jornalismo pela Ufam, pós-graduada em Planejamento Governamental e Orçamento Público pela UEA e policial civil concursada. Além de procuradora Especial da Mulher é também presidente da Comissão da Mulher, da Família e do Idoso da Casa. Tem como pautas prioritárias de seu mandato as que envolvem mulheres, famílias e idosos; assistência social; crianças e adolescentes; esporte, juventude e cultura; apoio aos municípios e segurança.
De fevereiro de 2021 a abril de 2022, foi secretária de Estado de Assistência Social e atuou no combate aos impactos sociais e econômicos da pandemia da Covid-19 na população em situação de vulnerabilidade, colaborou com a criação de programas socioassistenciais que impactaram a vida de milhares de amazonenses, como os auxílios emergenciais da pandemia, enchente e permanente, trabalhou na ampliação do programa social Prato Cheio e na concretização do Programa Dignidade Menstrual.
