‘QG do Crime’, que traçava estratégias corruptas na casa de familiar de Roberto Cidade, pode levar até 20 anos de prisão; veja
Amazonas – Hoje é um dia ruim para o presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), Roberto Cidade (União Brasil), que tentou calar a denúncia do CM7 Brasil na Justiça, mas não conseguiu — e agora vê a Polícia Federal concluir, nesta quarta-feira (27), o inquérito da Operação Tupinambarana Liberta. Cinco ex-agentes públicos foram indiciados, acusados de integrar uma organização criminosa voltada à compra de votos e obstrução do processo eleitoral em Parintins (AM), nas eleições de 2024. Entre os investigados estão Fabrício Rogério Barbosa, ex-secretário de Administração do Governo do AM; Marcos Apolo Muniz de Araújo,ex- secretário de Cultura e Economia Criativa; Armando do Vale, ex-presidente da Cosama; Jackson Ribeiro dos Santos, ex-comandante da Rocam; e o capitão Guilherme Navarro Barbosa Martins, ex-integrante da COE.
As investigações revelaram que o grupo, apelidado de “QG do Crime”, se reunia na casa de Adriana da Cunha Cidade, prima de Roberto Cidade, em Parintins. O local foi palco de reuniões estratégicas envolvendo os na época secretários do governo Wilson Lima e oficiais da Polícia Militar para articular fraudes eleitorais em 2024, conforme mostram vídeos divulgados com exclusividade pelo CM7 Brasil. O material revelou compra de votos, intimidação de eleitores e até monitoramento de adversários políticos para beneficiar a candidatura de Brenna Dianná, aliada do governador, em Parintins, além de supostamente impulsionar o próprio Roberto Cidade em Manaus.
Em um trecho da gravação, foi citado que a mesma estratégia que estava sendo usada em Parintins teria que ser colocada em prática em Manaus, pois caso contrário o pleito também seria perdido na capital amazonense onde, na ocasião, Roberto Cidade estava concorrendo ao cargo de Prefeito como candidato do Governador Wilson Lima.
Veja vídeo:
Incomodado com as revelações, Roberto Cidade acionou a Justiça para tentar censurar o CM7 Brasil por ter mencionado o vínculo familiar com o endereço das reuniões e o suposto uso da estratégia para também promovê-lo. A tentativa fracassou: o juiz Marcelo Manuel da Costa Vieira, do 8º Juizado Especial Cível de Manaus, rejeitou o pedido, reforçando a liberdade de imprensa e lembrando que não houve ofensa à honra do deputado e na época candidato. A decisão seguiu a linha do Supremo Tribunal Federal (STF), que entende que críticas e informações de interesse público sobre figuras políticas são protegidas pela Constituição.
Agora, com o inquérito concluído, o caso segue para o Ministério Público Eleitoral, que analisará a denúncia e poderá oferecer as ações cabíveis contra os investigados — crimes que podem levar a até 20 anos de prisão. Com a finalização da investigação, o episódio reforça que o jornalismo livre é incensurável e que, por mais influência que detenham, políticos não estão acima da lei.





