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Com Apuí em estado de calamidade, prefeito desembolsa quase R$ 500 mil para Cléber & Cauan e Wanderley Andrade

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Amazonas – Em meio ao caos provocado pela cheia do Rio Madeira e ao isolamento total do município desde o final de março, a Prefeitura de Apuí está no centro de uma polêmica que revoltou grande parte da população local.

A administração municipal pretende gastar mais de R$ 400 mil com a contratação dos cantores Cléber e Cauan e Wanderley Andrade para a realização de shows na 36ª Exposição Agropecuária de Apuí (Expoap), enquanto a cidade enfrenta uma das maiores crises humanitárias dos últimos anos.

Enquanto milhares de moradores enfrentam escassez de alimentos, medicamentos e combustíveis, a gestão pública opta por investir uma quantia expressiva em entretenimento.

O governo federal já reconheceu oficialmente o estado de emergência em Apuí, e o decreto municipal nº 11/2025, publicado no Diário Oficial no dia 28 de março, formalizou a situação crítica por um período de 180 dias.

Atualmente, a cidade está isolada pela interrupção da BR-230 (Transamazônica), no trecho entre Apuí e Humaitá, o que impossibilita o tráfego de veículos e o abastecimento por via terrestre.

A única saída tem sido o transporte de suprimentos por balsas particulares, um custo estimado em até R$ 20 mil por caminhão, que tem sido arcado, muitas vezes, pelos próprios comerciantes.

Entretanto, enquanto a população enfrenta incertezas sobre o abastecimento e as condições básicas de sobrevivência, o anúncio do gasto com os shows causou indignação. “Estamos comprando alimentos mais caros, falta gasolina, tem gente sem remédio, e a prefeitura quer fazer festa? Isso é um tapa na cara da população”, desabafou a comerciante Ana Paula da Silva, moradora do centro da cidade.

Nas redes sociais, o clima também é de revolta. Centenas de moradores manifestaram indignação com o uso de recursos públicos em eventos festivos, pedindo prioridade em ações emergenciais e mais responsabilidade com o dinheiro da população.

Festa enquanto o povo sofre
A contratação dos artistas foi divulgada no Diário Oficial dos Municípios , somando mais de R$ 400 mil em cachês e estrutura.

A medida é vista por críticos como um descompasso ético e administrativo com a realidade vivida por mais de 21 mil habitantes afetados diretamente pela cheia.

“Não somos contra cultura, nem contra a ExpoApuí, que é tradicional. Mas tem hora pra tudo. Isso aqui é uma zona de calamidade, não de celebração”, comentou o professor aposentado Jorge Matos.

O caso lança luz sobre a responsabilidade dos gestores públicos diante de situações de crise e levanta uma pergunta incômoda: qual é a prioridade da Prefeitura de Apuí, salvar vidas ou promover espetáculos?

Veja documentos

 





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