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PL de Mário César Filho avança na Aleam e acende alerta máximo: imprensa livre pode ser silenciada no Amazonas

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PL de Mário César Filho avança na Aleam e acende alerta máximo: imprensa livre pode ser silenciada no Amazonas

Amazonas – Um projeto de lei apresentado pelo deputado estadual Mário César Filho vem provocando forte reação nos bastidores políticos e no meio jornalístico do Amazonas. O PL nº 606/2024, que trata do combate às chamadas “fake news” e à “desinformação”, é visto por críticos como uma ameaça direta à liberdade de imprensa e um possível instrumento de silenciamento de veículos independentes no estado.

A proposta, que já foi votada em plenário no dia 11 de dezembro de 2025, ainda não foi sancionada pelo Governo do Estado, mas o simples avanço do texto legislativo já gerou preocupação entre jornalistas, comunicadores e juristas.

Conceitos vagos, poder amplo e risco de censura

Embora o discurso oficial fale em “educação midiática” e “informação correta”, o texto do projeto traz definições amplas e subjetivas que podem abrir margem para interpretações perigosas.

O PL define como “desinformação” qualquer conteúdo:

• “incompleto”

• “fora de contexto”

•ou que leve a “interpretações errôneas da realidade”

Na prática, especialistas alertam que reportagens investigativas, denúncias jornalísticas, recortes editoriais e até manchetes críticas podem ser enquadradas nesse conceito, dependendo de quem analisa.

“Isso cria um cenário em que a verdade passa a depender do ponto de vista do poder público”, avaliam profissionais da comunicação.

Remoção de conteúdo e pressão sobre portais

Outro ponto considerado explosivo é o trecho que incentiva parcerias entre o Estado, plataformas digitais e veículos de comunicação para a ‘identificação e remoção’ de conteúdos considerados falsos ou enganosos.

Para críticos do projeto, isso abre espaço para:

• pressão institucional sobre sites jornalísticos

• denúncias em massa contra matérias sensíveis

• redução de alcance nas redes sociais

• e até retirada de conteúdos do ar, mesmo sem decisão judicial.

Na avaliação de entidades ligadas à imprensa, esse tipo de mecanismo gera o chamado “efeito silenciador” ou “Espiral do Silêncio”, conforme descrito pela alemã Elisabeth Noelle-Neumann: veículos passam a evitar temas espinhosos por medo de punição indireta, desgaste ou perseguição.

“Informação correta” segundo quem?

O projeto também prevê a criação de canais oficiais do governo para divulgar informações “corretas e verificadas”, especialmente em situações de crise.

Para jornalistas, isso cria uma linha perigosa onde:

• a versão oficial pode ser tratada como a única verdade legítima;

• reportagens que contradigam o governo podem ser rotuladas como “desinformação”;

• o jornalismo investigativo passa a ser visto como ameaça, não como pilar da democracia.

Votação sem transparência

Apesar de o projeto já ter sido votado em plenário, não há divulgação pública da votação nominal:

• não se sabe quantos deputados votaram a favor

• nem quais parlamentares apoiaram o texto

A ausência de transparência reforça o clima de desconfiança em torno da proposta.

Alerta para o futuro da imprensa no Amazonas

Entidades, comunicadores independentes e portais regionais alertam que, se sancionado, o PL pode se tornar um precedente perigoso, permitindo que governos futuros utilizem o discurso do combate às fake news para controlar narrativas, intimidar jornalistas e enfraquecer a imprensa livre. “Combater mentira é dever do jornalismo.

Controlar a informação é marca de regimes que não convivem bem com a democracia.”

Agora, a sociedade aguarda se o governador vai sancionar ou vetar o projeto e se o Amazonas caminhará para o fortalecimento da liberdade de expressão ou para uma nova era de censura disfarçada de combate à desinformação.



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