PF vaza conversa de Bolsonaro pedindo a Eduardo que poupasse Gilmar Mendes de sanções; veja
Brasil – Diálogos obtidos pela Polícia Federal (PF) revelam que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) orientou seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a evitar críticas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. As mensagens, datadas de 27 de junho, mostram Bolsonaro relatando conversas com ministros do STF e expressando preocupação com possíveis sanções internacionais.
Na troca de mensagens, Eduardo enviou três imagens ao pai – cujo conteúdo não foi recuperado pela PF – e perguntou se poderia publicá-las. Bolsonaro respondeu de forma direta: “Esqueça qualquer crítica ao Gilmar”. Na mesma conversa, o ex-presidente afirmou: “Tenho conversado com alguns do STF. Todos ou quase todos demonstram preocupação com sanções”. A troca de mensagens integra o relatório da PF que resultou no indiciamento de Jair e Eduardo Bolsonaro por tentativa de obstrução de julgamento, no âmbito da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado em curso no STF.

PF vaza conversa de Bolsonaro pedindo a Eduardo que poupasse Gilmar Mendes de sanções; veja
Contexto da investigação
A PF indiciou Bolsonaro e Eduardo na quarta-feira (20/8) por coação no curso do processo que apura a tentativa de golpe de Estado, no qual Jair Bolsonaro é o principal réu. A investigação, iniciada em maio por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF, aponta que Eduardo teria articulado, nos Estados Unidos, ações para pressionar e impor sanções contra autoridades brasileiras. O relatório também cita a participação do jornalista Paulo Figueiredo e do pastor Silas Lima Malafaia.
Segundo a PF, as ações do grupo tinham como objetivo interferir na Ação Penal 2668, que investiga tentativas de impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O relatório destaca que Jair Bolsonaro, Eduardo e os demais investigados buscavam coagir instituições democráticas, como o STF e o Congresso Nacional, para influenciar decisões judiciais em benefício próprio.
Desdobramentos
O relatório da PF foi encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes e agora será analisado pela Procuradoria-Geral da República (PGR). O procurador-geral, Paulo Gonet, decidirá se apresenta denúncia formal, solicita novas diligências ou pede o arquivamento do caso. As conversas vazadas reforçam as suspeitas de que Bolsonaro e seu grupo tentaram pressionar o Judiciário, especialmente em um momento de tensão política envolvendo investigações sobre ações antidemocráticas.
As revelações dos diálogos aumentam a pressão sobre o ex-presidente e seu filho, que enfrentam um cenário de crescente escrutínio judicial. A tentativa de blindar Gilmar Mendes, conforme indicado nas mensagens, sugere uma estratégia para evitar atritos com figuras-chave do STF, enquanto o grupo buscava neutralizar possíveis sanções externas e interferir no andamento das investigações. A investigação continua em curso, e os próximos passos da PGR serão decisivos para determinar o futuro jurídico de Jair e Eduardo Bolsonaro no caso.


