No comando do Senado, Davi Alcolumbre isola Marina Silva e articula exploração de petróleo na Foz do AM com a Petrobras
Brasil – A chegada de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) à presidência do Senado marca um novo capítulo na disputa pela exploração de petróleo na foz do rio Amazonas. Contrariando a posição histórica da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, Alcolumbre tem articulado junto ao governo e à Petrobras para viabilizar a liberação da licença ambiental, impulsionando a iniciativa que mobiliza parlamentares do Norte e Nordeste.
Logo no primeiro encontro após sua eleição, Alcolumbre recebeu um sinal positivo do presidente Lula (PT) para destravar a autorização de pesquisa na região. A medida é defendida não apenas pelo senador amapaense, mas também por Randolfe Rodrigues (PT-AP) e Lucas Barreto (PSD-AP), além de outros parlamentares do Nordeste, que veem na exploração uma oportunidade de arrecadação para seus estados.
A Petrobras tenta obter o licenciamento desde 2020. Em 2023, o Ibama negou o pedido, exigindo a implantação de uma estrutura de proteção ambiental. Para atender às demandas, a estatal propôs a construção de uma unidade de atendimento ambiental em Belém e entregou, em novembro de 2024, um relatório com as adequações solicitadas. Agora, aguarda uma nova avaliação do Ibama.
Desde o início do governo Lula, Marina Silva tem sido uma voz solitária contra a exploração de petróleo na foz do Amazonas. De vertente ambientalista e atendendo interesses de ONGs estrangeiras, ela tentou segurar o processo pelo maior tempo possível, como travar outras pautas como a repavimentação da BR-319, mas a nova configuração política tornou sua oposição inválida.
Em declarações recentes, a ministra tem reforçado que a decisão cabe ao Ibama, e não ao seu ministério. “Não cabe a mim, como ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, exercer qualquer influência sobre essas licenças, do contrário, não seriam técnicas”, afirmou. Além disso, nos bastidores, Marina se mostra decepcionada com a postura do governo, especialmente por ter aceitado reatar aliança com o PT durante a campanha de 2022.
Agora, decisão de liberar o licenciamento já é dada como certa e, mesmo com a resistência da Ministra, dificilmente haverá mudança no cenário. O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, minimizou a contradição entre exploração de petróleo e a agenda ambiental do governo. “Se você pegar qualquer país do mundo, eles estão fazendo coisas com vistas a chegar à meta de neutralidade de emissões”, afirmou.
Apesar da discordância, Marina não deve deixar o governo. No Planalto, a avaliação é que sua permanência é essencial para a imagem internacional do Brasil, especialmente em um ano de COP30. Como diz um assessor, “ela só sai se quiser”.