Brasília Amapá Roraima Pará |
Manaus
Web Stories STORIES
Brasília Amapá Roraima Pará

“Não teve nem perícia, mas o Governo precisava de um culpado”: advogada se manifesta após prisão de trabalhador que operou guindaste; veja vídeo

Compartilhe
“Não teve nem perícia, mas o Governo precisava de um culpado”: advogada se manifesta após prisão de trabalhador que operou guindaste; veja vídeo

Manaus – A repercussão em torno da prisão do operador de guindaste envolvido no acidente que matou o trabalhador Antônio Rodrigues, no Centro de Manaus, continua crescendo e levantando suspeitas sobre a condução das autoridades. Nas redes sociais, a advogada Paula Assunção criticou abertamente o que considera uma ação precipitada e coveniente do governo ao transformar o motorista do guindaste, Antônio Benjamim de Lima Cunha, 57 anos, que estava vestido como Papai Noel, no principal alvo da responsabilização.

 

“Eu concordo com ele, não teve nem perícia pra saber se foi falha humana ou técnica! Mas o governo precisava de um culpado, não é mesmo?”, escreveu Paula, ao comentar uma publicação do apresentador Willace Souza, que questionou por que apenas o trabalhador foi detido, enquanto o dono da empresa responsável pela obra segue em liberdade.

Prisão antes da perícia: decisão precipitada?

As críticas se intensificam pelo fato de a prisão ter ocorrido antes da conclusão de uma perícia técnica, o que impede determinar se o tombamento do guindaste foi provocado por erro humano, falha mecânica ou negligência administrativa. Para Paula, o governo teria agido “com pressa” para oferecer uma resposta imediata à opinião pública.

O operador, que ganhava R$ 300 pelo serviço e estava afastado pelo INSS recebendo auxílio-doença, afirmou apenas ter sido chamado para realizar a operação, sem responsabilidade sobre documentação, planejamento técnico ou condições do equipamento.

O acidente que matou Antônio Rodrigues

A tragédia aconteceu no último domingo (23), no Largo de São Sebastião, durante a montagem da árvore de Natal contratada pela Secretaria de Cultura do Amazonas. O guindaste tombou enquanto içava parte da estrutura, esmagando e matando o trabalhador Antônio Rodrigues, de 40 anos. A cena gerou revolta entre colegas e testemunhas.

Indícios apontam falhas técnicas — e permissões irregulares

As primeiras informações já indicavam falhas sérias no procedimento de operação do guindaste: ausência de ART específica, falta de limitador de carga, insegurança operacional e possível responsabilidade compartilhada entre operador, auxiliares e as empresas envolvidas.

Mas a situação ganhou contornos ainda mais graves após a revelação de que o governo do Amazonas já sabia das irregularidades da empresa responsável, a Cenart Arquitetura Artística Ltda.

Segundo o Crea-AM, a Cenart havia sido autuada uma semana antes do acidente por operar sem documentação obrigatória. Os fiscais encontraram apenas ARTs de elétrica e estrutura metálica — documentos que não atendem aos requisitos legais para içamento de cargas pesadas. Ou seja: a empresa não tinha autorização técnica para operar o guindaste que caiu.

Mesmo assim, a Secretaria de Cultura liberou a empresa para continuar trabalhando, permitindo que o equipamento irregular fosse utilizado em plena área pública, movimentada e turística.

“Tragédia anunciada”: governo ignorou alertas

Conforme denúncia amplamente divulgada, a Cenart estava atuando sem plano de rigging, sem ART específica e com equipamentos irregulares. A mesma empresa, inclusive, já havia se envolvido em um incêndio na árvore de Natal de 2024, instalada no mesmo local.

Até a sexta-feira (21), dois dias antes do acidente, não existia qualquer ART registrada para operação de guindaste na obra, segundo o próprio Crea-AM.

Ainda assim, o governo Wilson Lima manteve a contratação, mesmo diante de autuações e histórico de falhas. A crítica que ecoa é contundente: o governo teria preferido “fechar os olhos” para irregularidades evidentes em troca de manter a programação natalina.

Enquanto isso, o operador é preso — e o alto escalão permanece intocado

Para internautas e especialistas, a prisão do operador serve como resposta rápida, mas não resolve a raiz do problema. A advogada Paula Assunção reforça a suspeita de que o governo encontrou no trabalhador um “culpado conveniente”, enquanto as responsabilidades administrativas e técnicas da empresa e da Secretaria de Cultura seguem sem punição.

O questionamento que se espalha é direto:

Quem dentro do governo autorizou a operação de um guindaste irregular em um dos pontos turísticos mais movimentados da cidade?
Por que a empresa — reincidente em falhas — não teve suas atividades suspensas?
Por que só o operador está preso?

Investigações continuam — e pressão aumenta

A Polícia Civil segue investigando o caso, enquanto o Crea-AM promete responsabilizar tecnicamente os responsáveis. A sociedade cobra que o governo também responda: quem assinou, permitiu ou ignorou as falhas que culminaram na morte de Antônio Rodrigues?

Para muitos, solidariedade em nota não basta.
O que se exige agora é responsabilização verdadeira — não apenas a prisão de um trabalhador vulnerável.

Leia também:


Empresa Cenart bloqueia comentários nas redes sociais após população cobrar justiça pela morte de trabalhador
Empresa Cenart não tinha autorização para operar guindaste em árvore de Natal que matou trabalhador, diz Crea-AM



Banner Rodrigo Colchões

Banner 1 - Portal CM7 Siga-nos no Google News Portal CM7



Carregar mais