Moraes silencia advogado de Filipe Martins em nova audiência sobre 8 de janeiro: “Cassei a palavra”; vídeo
Brasil – O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), voltou a protagonizar um momento de forte tensão durante as audiências dos réus envolvidos nos atos do dia 8 de janeiro de 2023. Durante a oitiva realizada nesta quarta-feira (16), Moraes interrompeu e silenciou o microfone do advogado Jeffrey Chiquini, defensor do ex-assessor da Presidência Filipe Martins, após acusações de “tom acusatório” nas perguntas direcionadas à testemunha Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
🚨DENÚNCIA PÚBLICA: o Ministro Alexandre de Moraes cassou minha palavra na defesa de Filipe Martins e negou a intimação de todas as nossas testemunhas‼️ pic.twitter.com/3yxmbHGYQG
— Jeffrey Chiquini (@JeffreyChiquini) July 16, 2025
A audiência tinha como objetivo ouvir testemunhas de defesa, mas foi interrompida pelo ministro após Chiquini insistir em questionar Dias sobre supostas informações repassadas pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) nas vésperas dos ataques às sedes dos Três Poderes.
Ao repreender o advogado, Moraes acusou Chiquini de repetir uma postura que já havia adotado nos dois dias anteriores de audiência, afirmando que o defensor estaria “acusando autoridades” sob o pretexto de formular perguntas.
“O senhor cassou a minha palavra?”, perguntou Chiquini.
“Cassei a palavra”, respondeu Moraes, antes de passar a fala para outro defensor.
Moraes x Chiquini: clima de atrito desde segunda-feira
Este foi o terceiro embate direto entre Moraes e Chiquini somente nesta semana. Na segunda-feira (14), o ministro já havia mandado o advogado se calar:
“Doutor, enquanto eu falo, o senhor fica quieto”, disse Moraes durante outro momento tenso da audiência.
Na terça-feira (15), Chiquini questionou o tenente-coronel Mauro Cid sobre a suposta presença do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em uma reunião no Palácio da Alvorada, em 2022. A pergunta irritou Moraes, que anunciou ter enviado um ofício ao governador para que ele preste esclarecimentos formais sobre o episódio.
A defesa de Filipe Martins insiste que há contradições nos depoimentos de autoridades e busca esclarecer se informações relevantes foram omitidas antes dos ataques de 8 de janeiro. Moraes, no entanto, afirmou que o conteúdo já havia sido prestado e silenciou o microfone de Chiquini diante da insistência.
Repercussão
Os sucessivos atritos entre o ministro e o advogado alimentam o debate sobre os limites da atuação do STF e o respeito ao direito de defesa, especialmente em um julgamento de alta sensibilidade política. Nas redes sociais, o episódio dividiu opiniões, com juristas e internautas apontando desde excesso por parte do ministro até suposta estratégia provocativa por parte da defesa.
A audiência seguiu com outros depoimentos, e Chiquini foi substituído momentaneamente por outro advogado, Eduardo Kuntz, defensor do réu Marcelo Câmara.
Até o momento, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) não se pronunciou oficialmente sobre o episódio.