Moraes diz que quase perdeu jogo do Corinthians por voto de Fux
Brasil – O ministro Alexandre de Moraes protagonizou um momento de descontração durante a sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) desta quinta-feira (11.set.2025), quando o tribunal concluiu o julgamento que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus pelos atos golpistas de 8 de janeiro.
Antes de anunciar a condenação e a fixação de multa solidária de R$ 30 milhões aos envolvidos, Moraes relembrou que, no dia anterior, quase perdeu o jogo do Corinthians por conta do longo voto do ministro Luiz Fux, que abriu divergência no processo.
“Prometo à Vossa Excelência [Flávio Dino] que não farei com Vossa Excelência a maldade que me fizeram ontem, de fazer eu perder quase 2/3 do jogo do Corinthians contra o Atlético Paranaense. Eu cheguei em casa, já estava 2 a 0, para a minha felicidade, mas perdi aquele momento de felicidade dos 2 gols”, disse Moraes, arrancando risadas da plateia.
Na quarta-feira (10.set), Fux levou cerca de 12 horas para apresentar seu voto, e a sessão só terminou perto das 23h. O prolongamento fez com que Moraes assistisse apenas parte da partida pelas quartas de final da Copa do Brasil, vencida pelo Corinthians por 2 a 0.
Troca de provocações
Moraes também aproveitou para brincar com o colega Flávio Dino, torcedor do Botafogo, lembrando que já o levou ao estádio para assistir a uma partida do Corinthians. Dino devolveu a provocação e pediu apoio ao seu time:
“Isso. E a Dani [Daniela Lima, esposa de Dino] foi junto por causa dos filhos, que são corinthianos, não por Vossa Excelência. E torça para o Botafogo hoje, por favor”, respondeu o ministro.
Na noite de quinta-feira, Botafogo e Vasco empataram em 1 a 1, também pela Copa do Brasil.
Divergência e condenações
Fux foi o único dos cinco ministros que votou pela absolvição de Bolsonaro e de outros cinco réus. Ele defendeu a condenação apenas do ex-ajudante de ordens Mauro Cid e do general Walter Braga Netto por um único crime: abolição violenta do Estado democrático de Direito.
Os demais ministros acompanharam o relator, Alexandre de Moraes, e formaram maioria para condenar Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão em regime fechado. Além dele, outros nomes de peso foram sentenciados, entre eles:
Alexandre Ramagem (PL-RJ), deputado federal e ex-diretor da Abin: 16 anos, 1 mês e 15 dias (regime fechado).
Almir Garnier, ex-comandante da Marinha: 24 anos (regime fechado).
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça: 24 anos (regime fechado).
Augusto Heleno, ex-ministro do GSI: 21 anos (regime fechado).
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens: 2 anos (regime aberto, com benefícios da delação premiada).
Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa: 19 anos (regime fechado).
Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil: 26 anos (regime fechado).
Efeitos políticos
O julgamento também tornou os condenados inelegíveis com base na Lei da Ficha Limpa. Além disso, o STF determinou a perda do mandato do deputado Alexandre Ramagem e o afastamento de Ramagem e Anderson Torres de seus cargos como delegados da Polícia Federal.
Quanto aos militares, caberá ao Superior Tribunal Militar decidir sobre a exclusão definitiva das Forças Armadas.
A sessão, marcada por contrapontos firmes a Fux e pela presença simbólica do decano Gilmar Mendes, foi considerada histórica para o tribunal e para a consolidação do entendimento sobre a gravidade dos atos de 8 de janeiro.