Lula e Xi Jinping discutem paz, comércio e clima em ligação de uma hora; Brasil intensifica articulação no Brics
Brasil – Em meio a um cenário internacional marcado por disputas comerciais e tensões geopolíticas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve, nesta segunda-feira (11), uma conversa telefônica de aproximadamente uma hora com o líder chinês Xi Jinping. Segundo nota do Palácio do Planalto, o diálogo abordou desde esforços pela paz na guerra entre Rússia e Ucrânia até cooperação estratégica em setores-chave da economia.
Durante a ligação, Lula e Xi “trocaram impressões sobre a atual conjuntura internacional” e reafirmaram o papel central de fóruns como o G20 e o Brics na defesa do multilateralismo. O presidente brasileiro destacou a importância da participação chinesa na COP30, prevista para 2025 em Belém (PA), e recebeu de Xi a garantia do envio de uma delegação de alto nível. “O compromisso é trabalhar lado a lado para o êxito da conferência”, disse o líder chinês, segundo o comunicado.
No campo econômico, os dois líderes manifestaram interesse em ampliar a cooperação nas áreas de saúde, petróleo e gás, economia digital e tecnologia espacial. A intenção é explorar novas oportunidades de negócios e reforçar o fluxo comercial, em um momento em que a parceria Brasil-China já figura como uma das mais relevantes no comércio global.
Diplomacia ativa no Brics
A conversa com Xi Jinping faz parte de uma série de diálogos que Lula tem mantido com líderes do Brics, bloco que os Estados Unidos veem como adversário geopolítico. Na última semana, o presidente brasileiro também conversou com Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, e com Vladimir Putin, presidente da Rússia.
O contato com Modi, em 7 de agosto, ocorreu um dia após Washington elevar para 50% a tarifa de produtos brasileiros e indianos. Lula busca articular uma resposta conjunta com os países afetados, sinalizando que pretende fortalecer a frente de negociação contra as barreiras comerciais impostas pelos EUA.
Já a ligação com Putin, que durou cerca de 40 minutos, foi iniciativa do líder russo. Segundo o Planalto, Putin detalhou negociações com os Estados Unidos sobre a guerra na Ucrânia. Lula reiterou a posição brasileira em favor do diálogo e lembrou que o Brasil, junto com a China, criou o Grupo de Amigos da Paz para buscar soluções diplomáticas para o conflito.
Com a agenda de telefonemas e encontros bilaterais, Lula reforça a estratégia de posicionar o Brasil como interlocutor ativo na mediação de crises internacionais, ao mesmo tempo em que tenta blindar a economia nacional de impactos das disputas comerciais globais.