Juízes auxiliares deixam gabinete do ministro Alexandre de Moraes
Brasil – O gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), passa por uma reviravolta silenciosa nos primeiros meses de 2025. Três juízes auxiliares que integravam sua equipe retornaram ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP), deixando vagas que agora estão em processo de preenchimento. Entre os que saíram, o nome de Airton Vieira se destaca – não apenas por sua longa parceria com Moraes, mas por seu envolvimento em um escândalo de tentativa de censura contra o jornal Oeste, que levanta dúvidas sobre a imparcialidade nos bastidores do STF. Enquanto isso, o ministro mantém um silêncio enigmático sobre os motivos das mudanças.
Airton Vieira, juiz instrutor de processos criminais e braço direito de Moraes desde maio de 2018, é uma das figuras centrais dessa movimentação. Seu nome ganhou notoriedade após a Folha de S.Paulo revelar áudios comprometedores que expuseram trocas de informações “não convencionais” entre ele e Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As conversas, segundo o jornal, serviram para embasar decisões de Moraes, incluindo uma tentativa de censura contra a revista Oeste. Nesta quarta-feira (2), a Polícia Federal indiciou Tagliaferro por suposta violação de sigilo funcional com prejuízo à administração pública, acendendo ainda mais o alerta sobre os métodos empregados no entorno do ministro.
Além de Vieira, os juízes Rogério Marrone de Castro Sampaio e André Solomon Tudisco também deixaram o gabinete, retornando ao TJSP. Marrone estava cedido ao STF desde fevereiro de 2018, enquanto Tudisco ingressara em junho de 2024. Ambos atuavam como auxiliares de Moraes, mas, assim como no caso de Vieira, os motivos de suas saídas permanecem nas sombras. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o ministro não forneceu explicações sobre as mudanças, alimentando especulações em um momento em que sua atuação já é alvo de questionamentos por parte de réus, condenados e críticos, que apontam suposta falta de imparcialidade.
Mesmo com as saídas, o gabinete de Moraes mantém sua estrutura única. Ele é o único ministro do STF autorizado a contar com quatro juízes de apoio – três auxiliares e um instrutor –, enquanto os demais colegas operam com equipes de três magistrados. Rafael Tamai Rocha, da vara criminal do TJSP, segue como auxiliar, garantindo a continuidade do time. A norma do STF permite que juízes sejam cedidos por até dois anos, com possibilidade de prorrogação, mas as recentes movimentações sugerem que algo além do prazo pode ter motivado as mudanças.