Brasil – O governo brasileiro, por meio do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, enviou nesta terça-feira (1º) uma carta à revista britânica The Economist em resposta a um artigo publicado no último domingo (29), que questionava a influência internacional e a popularidade interna do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A carta defende a atuação de Lula no cenário global e destaca sua coerência na promoção de democracia, sustentabilidade, paz e multilateralismo.
O artigo da The Economist apontou que, sob a liderança de Lula, o Brasil estaria se distanciando das democracias ocidentais, especialmente dos Estados Unidos, e criticou a falta de esforços para uma aproximação com o presidente americano Donald Trump. A publicação também sugeriu que Lula enfrenta uma queda de popularidade no Brasil. Em resposta, o Itamaraty apresentou uma defesa robusta, detalhando as conquistas do presidente em foros internacionais e reafirmando seu compromisso com princípios humanistas.Na carta, Mauro Vieira destacou o papel de Lula como presidente do G20, onde o Brasil teria construído consensos entre os membros e criado uma aliança global contra a fome e a pobreza. O ministro também mencionou a proposta de taxação de bilionários apresentada por Lula, que, segundo ele, “terá incomodado muitos oligarcas”.
Além disso, Vieira enfatizou a posição do Brasil como defensor do direito internacional, condenando ataques ao Irã, especialmente a instalações nucleares, por violarem a Carta da ONU e as normas da Agência Internacional de Energia Atômica.A carta também abordou a postura brasileira em relação ao conflito na Ucrânia, reforçando que o Brasil condenou a invasão russa em 2023, enquanto defendeu uma resolução diplomática para o conflito. “O Brasil é um coerente defensor do direito internacional e da resolução de disputas por meio da diplomacia”, afirmou Vieira, destacando que o país não adota “interpretações elásticas” do direito de autodefesa.
Outro ponto levantado foi o fortalecimento do BRICS sob a liderança brasileira, com foco na reforma da governança global e na cooperação para o desenvolvimento e a sustentabilidade. O ministro também rebateu as críticas à popularidade de Lula, afirmando que o presidente mantém “autoridade moral indiscutível” entre humanistas, acadêmicos e defensores dos direitos humanos em todo o mundo.A resposta do governo brasileiro ocorre em um contexto de crescente escrutínio internacional sobre a gestão de Lula, que enfrenta desafios domésticos, como a polarização política e a pressão por resultados econômicos. Apesar disso, a carta reforça a imagem de um Brasil comprometido com a estabilidade institucional e a defesa de valores globais, sob a liderança de um presidente que, segundo Vieira, “não é popular entre negacionistas climáticos” e critica a priorização de investimentos em armamentos em detrimento da luta contra a fome e o aquecimento global.A íntegra da carta está disponível no site do Ministério das Relações Exteriores, e um vídeo com trechos da resposta foi publicado nas redes oficiais do governo, destacando a defesa da gestão Lula no cenário internacional.