Gestão financeira desequilibrada, crise fiscal e desgaste político marcam fim da gestão Wilson Lima no Amazonas
Amazonas – A reta final do governo Wilson Lima (União Brasil) é marcada por um cenário de estrangulamento fiscal, pressão crescente sobre serviços essenciais e uma corrida para viabilizar um empréstimo bilionário às vésperas de o governador deixar o cargo para disputar o Senado em 2026.
Documentos oficiais mostram que o Amazonas ultrapassou o limite constitucional de 95% de gastos com despesas correntes, atingindo 96,85% da receita — situação que colocou o Estado sob alerta legal e obrigou o governo a restringir empenhos e movimentações financeiras por meio de decreto. O movimento acende o sinal do desequilíbrio fiscal e demonstra dificuldade para manter o funcionamento da máquina pública.
Mesmo sob esse cenário, o governo busca aprovar uma operação de crédito estimada em R$ 3,1 bilhões junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Para a gestão, o empréstimo é uma alternativa para refinanciar dívidas e reorganizar as contas. No entanto, especialistas alertam que a operação pode empurrar responsabilidades financeiras para o próximo governo e aumentar a dependência do Estado de operações de crédito.
Denúncia expõe crise
No Legislativo, a situação tem sido alvo de críticas. O deputado estadual Wilker Barreto (Mobiliza) denunciou o abandono de pacientes e o atraso salarial de profissionais terceirizados em programas como Melhor em Casa e Pé Diabético. Segundo ele, a falta de repasses tem deixado pacientes sem atendimento domiciliar e trabalhadores há meses sem receber, evidenciando o impacto direto do estrangulamento fiscal na saúde e na assistência social.
Veja:
Barreto classificou o cenário como “caótico” e afirmou que a situação representa um “desrespeito com quem mais precisa e com quem trabalha para salvar vidas”. As denúncias aumentam a pressão sobre o governo em um momento em que os efeitos do aperto financeiro se tornam mais visíveis na ponta.
Paralelamente, o governo projeta um orçamento de R$ 38 bilhões para 2026 — um aumento superior a 20% em comparação ao ano anterior. O crescimento chama atenção diante do quadro fiscal atual e está condicionado à manutenção da arrecadação, fortemente dependente do Polo Industrial de Manaus, que enfrenta incertezas econômicas e de competitividade.
O próximo gestor herdará uma máquina pública pressionada, uma sociedade cobrando respostas e um desafio central: recuperar o equilíbrio fiscal sem comprometer serviços essenciais e sem agravar a dependência de crédito externo.
Veja documento:




