Ex-sócio do Banco Master é preso pela PF por suspeita de fraude bilionária
Brasil – O empresário baiano Augusto Lima, ex-sócio e ex-CEO do Banco Master, foi preso nesta terça-feira (18) pela Polícia Federal (PF) durante a Operação Compliance Zero, que investiga um dos maiores escândalos financeiros recentes no país: a suposta criação de títulos de crédito falsos para encobrir uma movimentação de R$ 12,2 bilhões entre o Banco de Brasília (BRB) e o Master.
A ação também prendeu o banqueiro Daniel Vorcaro, principal acionista do Master, instituição cuja liquidação já havia sido decretada pelo Banco Central.
Por que Augusto Lima foi preso
De acordo com a PF, a operação apura a “fabricação de carteiras de crédito insubsistentes” — na prática, créditos que não existiam, mas eram registrados como válidos para justificar gigantescas operações financeiras.
Investigações reveladas por O Globo e Valor Econômico indicam que integrantes do alto comando do Banco Master e do BRB teriam criado cerca de 20 títulos de crédito falsos. Esses documentos teriam servido de base para a transferência bilionária investigada pela corporação.
Embora a PF não tenha divulgado nomes na nota oficial, fontes confirmaram que Augusto Lima é um dos alvos centrais da ação.
Ascensão no mercado financeiro
Lima entrou no setor em 2018, ao assumir a área financeira da antiga Empresa Baiana de Alimentos (Ebal), privatizada naquele ano. De lá, comandou o Credcesta, um programa de crédito consignado voltado a servidores públicos, que rapidamente se tornou um produto de alcance nacional.
Em 2019, o Credcesta foi incorporado ao Banco Master. Lima tornou-se sócio de Vorcaro e assumiu a presidência da instituição. Sob sua gestão, o cartão-benefício da empresa se espalhou por 24 estados e 176 municípios até o fim de 2024.
Apesar da expansão, a carteira de crédito consignado sofreu forte redução — de R$ 2,5 bilhões em 2023 para R$ 919,5 milhões em 2024, devido à cessão intensa de operações do banco.
Saída do Master e novo comando no Pleno
Em maio de 2024, Lima deixou a sociedade com Vorcaro, meses antes de o Master anunciar um acordo de venda ao BRB e um aporte de R$ 2 bilhões. Logo depois, assumiu o controle do antigo Voiter, rebatizado de Banco Pleno, que recebeu aval do Banco Central para operar em agosto de 2025.
O Pleno não faz mais parte do grupo de Vorcaro e, segundo nota enviada pela instituição, não é alvo das investigações.
Conexões políticas
Fora do setor financeiro, Augusto Lima também tem trânsito político. Ele é casado com Flávia Peres, ex-deputada federal e ex-ministra no governo Jair Bolsonaro, o que ampliou sua projeção em Brasília e na Bahia.
O que diz o Banco Pleno
Após a repercussão do caso, o Banco Pleno divulgou posicionamento reforçando que:
Não é investigado na Operação Compliance Zero;
Não mantém qualquer relação societária com o Banco Master;
Atua em conformidade com todas as normas regulatórias;
Mantém suas operações funcionando normalmente.
Defesa e repercussões
Até o momento, Augusto Lima e sua defesa não se manifestaram. As assessorias do Banco Master e de Daniel Vorcaro informaram que não comentarão o caso.
A prisão reacende as discussões sobre as fragilidades de fiscalização no sistema financeiro e pode representar o maior teste recente para os órgãos reguladores e para o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), já pressionado com a liquidação do Master.
A Operação Compliance Zero segue em andamento.


