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Ex-reitor da Universidade Estadual de Roraima passa a usar tornozeleira eletrônica após investigação de desvio de R$ 100 milhões

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Ex-reitor da Universidade Estadual de Roraima passa a usar tornozeleira eletrônica após investigação de desvio de R$ 100 milhões

Brasil  – O ex-reitor da Universidade Estadual de Roraima (UERR) e ex-controlador-geral do Estado, Regys Freitas, começou a ser monitorado por tornozeleira eletrônica. A medida foi determinada pela Justiça em meio às investigações da Polícia Federal que apuram um suposto esquema de desvio de recursos públicos que pode ultrapassar R$ 100 milhões.

Regys compareceu à Central de Monitoramento Eletrônico de Pessoas (CME) na tarde da segunda-feira, onde foi incluído oficialmente no sistema de rastreamento da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc), órgão responsável pela execução da medida.

A decisão judicial impõe uma série de restrições severas ao ex-reitor. Entre elas, está a proibição de acessar qualquer órgão da administração pública estadual ou municipal, manter contato com outros investigados no caso, e sair da Comarca sem autorização expressa do Judiciário. Além disso, ele deverá cumprir recolhimento domiciliar noturno entre 22h e 6h, e também durante feriados e fins de semana.

Regys também está impedido de ocupar qualquer cargo comissionado ou função pública, bem como de firmar contratos com o Poder Público, participar de licitações ou frequentar instalações da própria universidade que dirigiu.

O passaporte do ex-gestor foi recolhido, e ele deve manter seu endereço e telefone sempre atualizados perante as autoridades. A decisão, que atendeu ao pedido da Polícia Federal, evidencia o cerco judicial em torno de uma das investigações mais robustas em curso no estado.

A PF chegou a solicitar a prisão preventiva de Regys e de outros três suspeitos, mas a Justiça optou por aplicar medidas cautelares alternativas. Mesmo assim, a aplicação da tornozeleira e as proibições impostas apontam a gravidade das acusações que recaem sobre o ex-reitor, que é apontado como uma das peças-chave do esquema que teria lesado os cofres da UERR.

Quem é?

Regys Odlare Lima de Freitas já foi símbolo de ascensão no serviço público em Roraima. Advogado, ex-policial civil, doutor em Direito e por dois mandatos reitor da Universidade Estadual de Roraima (UERR), ele construiu uma carreira marcada por títulos, influência e presença constante no centro do poder. Hoje, Regys é investigado pela Polícia Federal sob suspeita de chefiar um esquema milionário de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa que teria desviado mais de R$ 100 milhões em recursos públicos.

Na manhã da última terça-feira (8), o que era prestígio virou alvo. A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão na casa de Regys, em Boa Vista, como parte de uma operação que chocou o meio acadêmico e político do estado. Joias, relógios de luxo, dinheiro em espécie – em reais, dólares e euros – foram apreendidos. A Justiça determinou ainda o bloqueio de bens que somam mais de R$ 108 milhões.

Da cúpula acadêmica ao desgaste judicial

Regys assumiu a reitoria da UERR em 2015, durante o governo de Suely Campos, e se consolidou politicamente ao ser o primeiro reitor eleito da instituição no ano seguinte. Em 2019, foi reconduzido ao cargo. O posto, no entanto, seria palco de disputas e polêmicas. Ainda naquele ano, foi afastado pelo governador Antonio Denarium, mas retornou com apoio de decisão judicial.

Durante sua gestão, enfrentou embates com docentes e alunos, incluindo a controversa demissão da professora Ivanise Rizzatti, acusada de irregularidades em um projeto federal. O caso gerou reações internas e protestos de outros professores, que também foram punidos por se manifestarem.

A tensão em torno do nome de Regys aumentou em 2023, com a deflagração da Operação Harpia. Na época, R$ 3,2 milhões em espécie foram encontrados em ações que apuravam o pagamento de propina dentro da UERR. Foi o fim do seu ciclo na universidade — marcado por desconfiança, denúncias e o início de um processo judicial que se tornaria ainda mais grave com o passar dos meses.

Vida pessoal e novas acusações

Fora da esfera acadêmica, a imagem de Regys também foi manchada por denúncias de violência doméstica. Em 2023, sua ex-esposa, uma estudante de medicina com quem tem uma filha de quatro anos, o acusou de agressões físicas e psicológicas, perseguição e até vazamento de conversas íntimas para membros de sua igreja.

Em sua defesa, Regys afirmou que a medida protetiva concedida pela Justiça foi baseada “exclusivamente na palavra da mulher” e que já apresentou provas à vara especializada.

A face de um novo escândalo

Atualmente, Regys Freitas ocupava o cargo de controlador-geral do Estado, com acesso privilegiado a informações estratégicas e sensíveis da gestão pública. As investigações apontam que ele teria usado essa posição para manter relações promíscuas com empresas contratadas pela UERR, direcionando licitações e superfaturando contratos em benefício de um grupo restrito.

O cerco da Justiça agora se fecha sobre uma figura que, durante anos, transbordou poder e influência em Roraima. A trajetória de Regys Freitas, que começou nos corredores da segurança pública e se estendeu pelas salas da universidade e pelos gabinetes do governo, hoje enfrenta o maior teste: o da verdade diante da Justiça.

Enquanto a investigação avança, o nome que por tanto tempo simbolizou autoridade e comando, agora ecoa nos noticiários como o de um dos principais suspeitos de um dos maiores escândalos de corrupção já registrados no estado.

 


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