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EUA podem aplicar ‘morte financeira’ a autoridades brasileiras com a Lei Magnitsky; entenda

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EUA podem aplicar ‘morte financeira’ a autoridades brasileiras com a Lei Magnitsky; entenda

Brasil – Em meio ao acirramento da crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos, cresce a pressão pela aplicação da Lei Magnitsky contra autoridades brasileiras envolvidas em decisões polêmicas. A legislação, criada inicialmente para punir agentes do governo russo acusados de corrupção e violações de direitos humanos, já foi estendida a dezenas de países e pode representar um duro golpe econômico e político caso venha a ser usada contra integrantes do Judiciário brasileiro.

Nos bastidores de Washington, o movimento tem ganhado força, sobretudo após o governo Trump suspender vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), medida que já indica um primeiro passo para sanções mais severas. Agora, o temor é que os EUA avancem para o uso da Lei Magnitsky, promovendo o que especialistas chamam de “morte financeira” de figuras públicas brasileiras.

A legislação autoriza o Executivo norte-americano a bloquear ativos financeiros, congelar bens e impedir qualquer relação com empresas americanas – o que, na prática, inviabiliza o uso de cartões de crédito com bandeiras internacionais, serviços bancários e até transações digitais envolvendo companhias com sede nos EUA. Ainda que o alvo das sanções não possua conta bancária diretamente em território americano, os efeitos são globais, devido à influência do sistema financeiro dos EUA.

Segundo a doutora em Direito Internacional Priscila Caneparo, a aplicação da Magnitsky exige provas robustas de crimes como tortura, desaparecimento forçado, prisão arbitrária ou corrupção com repercussão internacional. “Não basta a discordância com decisões judiciais ou acusações sem amparo em investigações formais reconhecidas internacionalmente. A lei exige documentação e evidências concretas”, afirma.

Por outro lado, a especialista ressalta que a aplicação da medida é de competência exclusiva do Executivo norte-americano, e pode ocorrer de forma unilateral, inclusive como instrumento de pressão diplomática. “Mesmo sendo uma medida excepcional, a Lei Magnitsky pode ser usada como ferramenta política, e é aí que mora o risco”, alerta.

Além do impacto direto aos indivíduos sancionados, o uso da lei contra autoridades brasileiras aumentaria ainda mais a tensão entre os dois países. A aplicação poderia ser vista como interferência externa na soberania nacional e motivo para que o Brasil leve o caso à Corte Internacional de Justiça, aponta Caneparo.

O cenário fica ainda mais tenso com a proximidade da taxação de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada por Trump e prevista para entrar em vigor em 1º de agosto. O governo Lula classifica a medida como retaliação política e tenta reverter a decisão por meio da Organização Mundial do Comércio (OMC). O pano de fundo da crise é o julgamento que coloca Jair Bolsonaro como réu por tentativa de golpe, e os desdobramentos envolvendo seu filho Eduardo Bolsonaro e possíveis articulações com a gestão republicana americana.

Em um contexto de embates diplomáticos, denúncias cruzadas e guerra de narrativas, a possível aplicação da Lei Magnitsky reacende o debate sobre os limites entre justiça, soberania e geopolítica. Para autoridades brasileiras, o risco de sanções é real – e pode significar mais que um constrangimento político: pode representar o colapso financeiro pessoal e um novo capítulo no desgaste entre as duas nações.



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